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umacartaforadobaralho

"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

Uma Carta (fora do) Quintino Aires

 

Caro Dr. Quintino,

    Já estou para lhe fazer esta "carta" à imenso tempo, digamos que a sua última presença no extra d'A Quinta foi a cereja no topo do bolo. Já há algum tempo que o senhor aparece na televisão pública a fazer declarações que deixam muito a desejar, mas como não ocorriam sistematicamente, eu lá me ia calando para ouvir as suas justificações a certas opiniões que dá. Mas chega uma altura em que os seus comportamentos, enquanto psicólogo, deixam de ser justificáveis. E como é que eu sei? Porque sou uma estudante universitária a finalizar o Mestrado em Psicologia Clínica numa faculdade que considero bastante legítima, ou pelo menos, legítima o suficiente para achar que sei do que estou a falar.

    Enquanto psicólogos, há certas regras e normas que nós profissionais temos de cumprir, relacionados nomeadamente com o Código e Deontologia da Ordem. E o senhor Quintino, por já há demasiado tempo do que devia, quebrou sistematicamente essas regras - regras essas fundamentais para o exercício da nossa profissão. Para quem não sabe, eu passo a explicar de que regras me estou a referir:

1) Um psicólogo não pode expôr situações ou realizar diagnósticos em qualquer meio de comunicação social;

2) Um psicólogo não pode denunciar qualquer caso de violência doméstica, abusos sexuais, etc.. Quanto mais ameaçar os sujeitos do mesmo;

3) Um psicólogo não pode usar a sua profissão para induzir as pessoas às suas próprias convicções;

4) Um psicólogo não se pode envolver em situações que promovam a discriminação ou o preconceito.

    Para além disso, a própria Ordem tomou medidas e o suspendeu de exercer a sua atividade enquanto psicólogo. Portanto a minha questão é: Será que vale a pena, por meia dúzia de tostões que ganha na TVI, manchar ainda mais a sua imagem profissional? Falo também em nome de mais pessoas, que mantém a mesma opinião que eu. Não é correto o que está a fazer na TVI. Não é correto fazer diagnósticos de pessoas que NÃO SÃO seus pacientes. Não é correto enxovalhar pessoas em televisão pública (ainda por cima que nem conhece). Não é correto achar que é o orador da verdade, porque não é. Também não a sou, ninguém o é. Reduza-se àquilo que é "bom" a fazer no seu pequeno consultório, e seremos todos mais felizes.

Obrigada,

 

Carta

 

 

[P.S.: Não, eu não bati com a cabeça em lado nenhum hoje. Este senhorzinho já me andava a irritar a cabeça há imenso tempo. E no extra de sexta-feira ele acusou pessoas de coisas muito graves, e perdi todo o respeito que tinha por ele.]

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