Os 'reis' lá de casa
Acabei de ouvir um pai a dizer assim "O problema é que o meu filho não quer fazer os trabalhos, e quando ele não quer, não faz, não vale a pena dizer nada. E depois também não estuda para os testes. Eu acho que é preguiça, ou um défice de atenção. Porque ele saber fazer as coisas sabe, não é burro,, mas não quer." E prosseguia dizendo que o filho ultimamente não tem querido ir à escola porque não lhe apetece, está cansado das aulas, e por isso não vai. O filho em questão tinha 13 anos.
Eu por momento pensei que de um momento para o outro a sociedade tinha invertido a ordem hierárquica das coisas... Só me perguntava 'Desde quando os filhos mandam nos pais? Será que sempre foi assim?'. Já não é a primeira vez que oiço, inclusivamente em consultas psicológicas, pais a queixarem-se que os filhos (coitados), não têm boas notas porque não querem estudar, e que desconfiam "de um possível défice cognitivo" qualquer. E eu não consigo deixar de pensar: Ó pessoal, já experimentaram ordenar os vossos filhos para se empenharem na escola? Para fazerem os trabalhos?
Não estou a falar de casos de miúdos que se vê claramente que se esforçam e não conseguem, esses ainda têm exceção. Agora miúdos que não têm boas notas, ou que são rebeldes, ou que respondem mal aos professores nas aulas, etc etc, porque não são bem-educados é outra coisa.
Eu acho que os pais devem ter medo de mandar nos filhos, e acabam por se esquecer de educá-los. Seja o motivo: a sua ausência em casa, o facto de se sentirem culpados de alguma coisa, o medo de os magoar...o que seja. A criança precisa de conhecer as suas regras, e os seus limites. Precisa de saber que há consequências negativas para determinados comportamentos que tenha, e recompensas positivas para outros.
Não digo que seja necessário partir para a violência com tudo o que é criança, porque não sou apologista disso, e acho que se deve primeiro tentar resolver as coisas com palavras. Mas, se há crianças que não vão com palavras, vão com berros, ou com outra coisa qualquer. Não nos podemos livrar da responsabilidade de educar uma criança. NÃO DIGO QUE SEJA FÁCIL! Porque não é (com o nascimento da minha irmã, vi o que é criar mais um 'puto' em casa). Mas é possível.
Acho preferível do que estar a criar um jovem que: não sabe o que são regras, não sabe quem são os seus superiores, e vai muito possivelmente ter um futuro muito menos feliz.