"A nossa casa de Figueiró dos Vinhos ardeu."
Estou de rastos. Não estava em casa quando a minha mãe me ligou: "A nossa casa de Figueiró dos Vinhos ardeu." O meu coração quase parou. A primeira coisa que me veio à cabeça foi: "Estava alguém na nossa casa?"
A minha família tinha comprado, há uns 15 anos, uma casa no concelho de Pedrogão Grande para nós irmos passar as férias. Foi esse o nosso objetivo em primeiro lugar, mas ultimamente, por falta de tempo e disponibilidade para lá irmos, tínhamos alugado a casa a algumas famílias, para passarem lá as férias. Por SORTE, a última família tinha saído de lá há semanas, pelo que a casa tem estado desde então sem ninguém.
Na altura que a minha mãe me ligou, só havia notícia de um bombeiro desaparecido, e alguns feridos, mas ainda não tinham conhecimento de mortes. Atualmente, sabe-se que iniciou-se numa área florestal por volta das 15h, causou, até agora, 57 vítimas mortais, 59 feridos graves, e 2 bombeiros desaparecidos. Sabe-se também que a falta de bombeiros é notória, e que o secretário de Estado da Administração já ativou o plano de emergência florestal.
Estou em choque. Não há palavras que cheguem para explicar o que sinto neste momento. Sinto que esta é daquelas coisas eu leio, vejo nas notícias, que deprimo ao saber do acontecimento, mas que nunca acontece a nós. Que está sempre muito longe de nos acontecer. E sinto que desta vez esteve tão, mas tão perto. Há DIAS que a minha família fala em ir passar fins-de-semana lá à nossa casa, e mas nunca tinha surgido oportunidade de lá ir até agora. E agora isto...
O pior é a quantidade de pessoas que sofreram com este incêndio: que não sobreviveram, que ficaram feridos, ou que viram os seus entes queridos a sofrerem... Só consigo pensar na sorte minha e da minha família, da família que esteve de férias na nossa casa, e de todas as famílias que conseguiram escapar a este azar. E isto não me sai da cabeça...