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umacartaforadobaralho

"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

#17DomingodeConsultório: Como lidar com a pressão?

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    Diariamente somos pressionados pelas exigências dos outros (no trabalho, na família, nos relacionamentos...), e até de nós próprios! Temos, ou têm, determinadas expetativas sobre nós, e por isso começamo-nos a sentir "cobrados". Uma certa pressão psicológica é natural, e faz parte, pois ajuda-nos a evoluir e a querer avançar, no entanto, quando esta se torna excessiva, causa-nos altos níveis de stress e um grande desgaste emocional (podendo mesmo originar insónias ou doenças intestinais; e levar a comportamentos agressivos e autodestrutivos).

    Hoje resolvi dar-vos dicas úteis, para porem em prática, cada vez que vos sentirem prestes a "rebentar a bolha" (ou melhor ainda: muito antes disso!).

 

1º Evitar acumular emoções negativas: A maioria das pessoas não faz ideia da quantidade de sentimentos negativos que acumula dentro de si. Sejam os stresses com os patrões, as discussões em casa, maus-dias uns atrás dos outros, etc. Tudo isto tende a ficar "armazenado" dentro de nós, pronto para fazer-nos saltar a tampa, mais dia menos dia. 

2º Diminuir a pressão: Estudos sugerem que, quando os indivíduos sentem que têm vários trabalhos/exigências pendentes, devem começar por realizar as tarefas mais fáceis e rápidas de se fazer, para depois passarem as seguintes. Ao realizar pequenas tarefas, tendemos a sentirmo-nos mais capazes e motivados para as próximas, mais complicadas. Para além disso, comunicar abertamente, com alguém de confiança, sobre o tipo de pressões que temos neste momento e que nos preocupa, ajuda também a aliviar a sua carga emocional negativa.

3º Arranjar estratégias para se proteger: Dependente da quantidade de pressão psicológica que o indivíduo tem acumulada, assim é o tempo que ele demora a se libertar dela. Caso esta pressão comece a afetar-nos física e psicologicamente é necessário atuar depressa. Os psicólogos recomendam várias atividades para nos protegermos contra ela: praticar meditação e exercícios de mindfullness, fazer yoga, passear ao ar livre, ler, arranjar um hobby, praticar exercício físico/um desporto, descansar e fazer sestas, conversar com amigos e pessoas positivas, e mesmo procurar um psicólogo, caso assim seja necessário.

    E por hoje é tudo! O que acharam do post? Têm alguma questão para a próxima semana que gostariam de ser respondida?

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#16DomingodeConsultório: Os sonhos têm algum significado?

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    No último Domingo de Consultório falei-vos de sonhos, e o Nuno deu-me uma excelente ideia para um próximo post:

 

"Eu gostava imenso de perceber se os sonhos de facto têm algum significado escondido como muitos dizem, ou se são apenas fruto do nosso inconsciente"

 

    Segundo Freud, sim, os sonhos têm significado. Freud foi o psicólogo que mais trabalhou na área dos sonhos, e defende que é através dos sonhos que temos acesso aos nossos desejos inconscientes (que o nosso cérebro finge esquecer para nos proteger), sendo até possível conhecer a origem da sintomatologia de um paciente clínico, e levar à cura. 

    Apesar de Freud achar que todos os sonhos têm o seu valor simbólico, ele acredita que eles se apresentam de maneira muito primitiva, daí a dificuldade (gigante) em conseguir interpretá-los. É importante alertar-vos que a leitura dos sonhos para Freud é bastante sexual.

    De forma geral a sua interpretação difere de pessoa para pessoa, tendo sempre em conta a sua história clínica. Contudo, Freud considerou que há certas representações oníricas fixas, que costumam ser frequentes na grande parte das pessoas. Por isso trago-vos exemplos abaixo de algumas das interpretações mais comuns de se analisar:

  • Quando sonhamos com imperadores, imperatrizes, reis ou rainhas, estas costumam se tratar de representações dos nossos pais. São figuras que são vistas com grande respeito e admiração.
  • Por sua vez, os animais e os parasitas remetem para os nossos filhos, ou irmãos.
  • Sonhar que estamos em casas ou prédios de muros lisos representam muitas vezes homens, já aquelas que apresentam saliências tendem a simbolizar “mulheres”.
  • A água aparece muitas vezes associada a um nascimento, sendo o nascimento aqui também visto como uma mudança da própria pessoa, uma transformação de si mesma.
  • Por sua vez quando sonhamos que estamos na água e salvamos alguém de se afogar, ou somos nós salvos de um afogamento, estamos muitas vezes a retratar a relação que nós temos com a nossa mãe, ou outra relação maternal.
  • Para Freud, sonhar que estamos a voar simboliza, muitas vezes, o nosso desejo sexual.
  • Sonhar que estamos a partir para algum lado incerto, ou que estamos a fazer uma viagem, representa a morte (física, ou a morte "psíquica" - períodos mais depressivos)
  • Por último, Freud atribui enúmeras representações para o órgão sexual masculino, sendo este representado por: bastões, árvores, espadas, pistolas, balões, aviões, jarros, etc. Enquanto que para o órgão sexual feminino ele atribuí sonhos como: cavernas, gavetas, caixas, cofres, vasos, jardins, etc.

    O que acharam das interpretações? Concordam com Freud? 

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#12DomingodeConsultório: O que é o transtorno de personalidade borderline?

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    Bom domingo a todos, espero-vos bem!  Hoje abrimos mais um Domingo de Consultório, desta vez com a participação da minha querida shy girl, a quem eu quero desde já agradecer!

 

Ela diz-me que as suas últimas consultas de psiquiatria "estão a ser mais relacionadas com Bordeline e gostava muito que pudesses falar sobre este tema num Domingo de Consultório." Ora, dito e feito!

 

    A meu ver, a perturbação estado-limite (ou borderline) de personalidade é muito confundida com a perturbação bipolar (que, caso queiram, posso falar noutro dia). No entanto, o transtorno borderline define-se pela grande instabilidade nos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos. Os indivíduos que têm este tipo de transtorno têm tendência a desenvolver uma grande impulsividade na idade adulta, em pelo menos 2 dos seguintes domínios: abuso de substâncias, gastos financeiros, sexo, condução imprudente, ou ingestão alimentar compulsiva.

    Com um medo exagerado do abandono, as suas relações sociais tendem a alternar entre extremos de idealização e desvalorização ("Eu adoro-te..." a "Não vales nada, não me voltes a dirigir a palavra.".). É característico destes indivíduos terem uma grande instabilidade emocional, que varia entre episódios intensos de excitação, ansiedade, ou tristeza. Estes episódios duram apenas algumas horas. As pessoas com a perturbação borderline costumam também ter alguma dificuldade em controlar a sua raiva.

    Esta raiva leva muitas vezes a que, em casos extremos e nos seus episódios mais depressivos, elas tendam a recorrer, ou ameaçar recorrer, a comportamentos automutilantes. Por isso mesmo, se conhecem alguém que apresente - pelo menos - cinco dos sintomas que eu referi acima, é importante sublinhar que há cura para este tipo de transtornono entanto, é necessário ajuda psicológica, e frequentemente, psiquiátrica - especialmente quando ocorrem os episódios depressivos.

    É importante compreender que, muitas das pessoas com o transtorno de personalidade borderline, viveram em climas familiares instáveis em crianças, como a exposição a experiências traumáticas; histórico de abusos físicos, verbais, emocionais, ou sexuais; negligência por parte dos seus pais, etc.

   E por hoje é tudo, espero ter-vos sido útil! O que acharam deste Domingo de Consultório? Se virem que têm alguma questão que tenham para a próxima semana, não hesitem em deixar nos comentários as vossas questões 

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#8DomingodeConsultório: Como contar a alguém que sou gay?

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    Bom fim-de-semana a todos os que por aqui passam! Hoje é Domingo de Consultório aqui no blog, e hoje foi a vez do Rapaz Secreto sentar-se no nosso divã. 

 

Ele diz: "Gostava de saber a tua opinião sobre qual o melhor modo para se contar a alguém que se é homossexual ou bissexual. Estou certo de que haverá mais pessoas a quem poderá ajudar. Obrigado!"

 

    Para já gostava de agradecer a tua estreia aqui: muito obrigada pela participação! Agora, essa é uma daquelas perguntas que não tem uma resposta nada fácil. Antes de mais nada, aconselhava-te a ter uma clara noção das pessoas a quem é importante, para ti, assumires-te: serão os teus pais, melhores amigos, parentes próximos?; e imaginares o tipo de apoio que vais ter delas. No entanto, nunca te sintas pressionado a contar a alguém, de todo. A decisão é apenas tua, e se o escolheres fazer, fazes ao teu ritmo, e sem pressões.

    Não precisas de contar a toda a gente de uma vez, podes começar por contar a apenas uma pessoa. Aconselho-te a começar por contar a pessoas que tens maior confiança que vão dar-te apoio, assim ganhas mais segurança em ti mesmo, e crias mais rapidamente uma rede de suporte (podes até pedir a essa/s pessoa/s que esteja/estejam presente quando decidires contar aos outros).

    Quando, e se, te decidires assumir, sê o mais sincero e direto possível, contextualizando sempre o que sentes: "Tenho estado a pensar em dizer-vos algo que é muito importante para mim, e que gostava de partilhar convosco. Faço-o agora pois sinto-me mais confortável, e confiante no que sou...". Não o digas "de surpresa" nem à pressa, pois as pessoas podem não compreender, ou ficar confusas. Façam-no apenas quando tiverem tempo e privacidade com aquela pessoa.

    É importante haver uma grande preparação mental da tua parte em relação ao que as pessoas te possam dizer: têm em conta as suas crenças, religiões, idades (por serem de gerações diferentes), ponto de vista... e prepara-te para as suas eventuais reações. Nem sempre é fácil, e por isso há-que ter em conta todos estes factores antes de te assumires. Lembra-te que uma reação negativa no momento em que te assumes, não implica necessariamente uma reação negativa para sempre. Tem paciência, e dá tempo ao tempo. Cada pessoa tem o seu 'timing' para lidar com a notícia.

    Vê o lado positivo: ao assumirmo-nos junto dos outros originamos um sentimento muito libertador dentro de nós. Pois sentimos que podemos ser nós mesmos, na sua totalidade. Rodeia-te de pessoas que te apoiem, e orgulha-te de ti mesmo pelos progressos que fizeste. 

    E por hoje ficamos por aqui. O que acharam do tema do Consultório de hoje? Para a semana temos a nossa querida Rute no nosso divã! 

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#7 DomingodeConsultório: Como lidar com uma relação à distância?

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    Bom Domingo a todos! Espero que estejam bem 

    Hoje temos o Nuno a colocar-nos a sua questão: "Como lidar e superar uma relação à distância? Como lidar com a distância, e com as ânsias de quando ela fala menos que o habitual? Sabendo que tenho um enorme medo de a perder, e sou assombrado sempre por medos interiores quando algo corre de forma menos boa..."

 

    Caro Nuno, manter uma relação muitas vezes pode tornar-se desafiante, especialmente quando se está longe um do outro. No entanto, houve algo que me chamou a atenção na tua pergunta: "sou assombrado sempre por medos interiores quando algo corre de forma menos boa".

    Esta frase deu-me a entender, mas corrige-me se estiver errada, que poderás ter algumas inseguranças. Se assim for, gostaria de te dizer que à distância, ou não, elas hão-de sempre interferir na vossa relação. Se sentes esse medo enorme quando ela fala menos contigo do que o habitual, ou quando há algum problema entre vocês, devias tentar perceber, primeiro, se consegues precisar de onde esses medos vêm: relacionamentos anteriores que correram menos bem?, falta de segurança em ti próprio?, baixa auto-estima? E trabalhar em tentar resolvê-los o melhor possível (aqui dou-te dicas para reforçar a auto-estima). Como diz o ditado: "Em primeiro lugar vou gostar de mim, para depois pensar em voltar a gostar de alguém..." 

 

    Em relação às dicas para lidar com uma relação à distância, dou-te estas:

1- A importância da comunicação: Não esquecer as típicas mensagens de "bom dia", ao envio de fotos e vídeos divertidos. Falar sobre o vosso dia, nem que seja as banalidades. Fazer a pessoa sentir-se amada e desejada. A par disso, deve-se ser o mais sincero possível com o nosso parceiro. Neste caso, se te sentes inseguro quando ela fala menos contigo, porque não partilhas isso com ela? Sê honesto e diz o que sentes, só assim também ela te poderá ajudar.

2- Haver esforço dos dois para aproveitarem o máximo de tempo possível. Conheçam os horários um do outro, para saberem quando o outro está disponível. Fazer videochamadas por Skype, jogar jogos online, e ver filmes/séries juntos também são excelentes ideias. E surpresas são sempre bem-vindas! Aparecer na zona de residência da tua namorada de surpresa, enviar-lhe cartões, flores... São coisas que estimulam a relação, e minimizam os vosso medos.

3- A compreensão: É muito importante colocar-nos no lugar do outro, em todas as situações. Se a pessoa não está a responder tão rápido como costuma não quer dizer obrigatoriamente que não esteja interessada em falar com o parceiro, pode estar ocupada, no trabalho, não ter saldo para responder, não estar junto ao telemóvel... Existem várias hipóteses para esse comportamento ter ocorrido.

4- Encarar com uma oportunidade de crescimento para os dois. Vejam isto como um teste à vossa relação, e sejam optimistas em relação ao futuro. Encarem a distância como um desafio que estão a ter que lidar neste momento, e que vão sair os dois mais fortes dele.

5- Fazer planos para o futuro. Planear o que vão fazer quando estiverem os dois juntos, seja um passeio, uma ida ao cinema, uma escapadinha... ajuda a passar o tempo, e fortalece a vossa relação. 

 O que acharam das dicas? Espero ter conseguido ajudar! Desejo muitas felicidades para os dois, e boa sorte 

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#6 DomingodeConsultório: Como lidar com pessoas agressivas?

 

    Bom Domingo de Consultório! Espero que estejam todos bem por aí! Hoje foi a vez do Nuno colocar a sua questão:

 

"Sou um jovem com quase 30 anos, não terei feito as escolhas mais corretas durante a vida e por esse motivo (e principalmente porque tenho um filho) ainda vivo em casa dos meus pais. Mas principalmente o meu pai é extremamente agressivo comigo (diz que é assim para me espevitar), mas o que conseguiu ao longo dos anos foi que lhe ganhasse mágoa e destruisse a minha autoestima (até ao ponto de entrar em depressão, a qual disfarço ou dou a volta todos dias). Alguma dica que possas dar para lidar com tudo isto?"

 

    Nuno, a tua questão não é nada fácil de responder... Em primeiro lugar é preciso ter em conta que uma pessoa agressiva é um indivíduo manipulador, instável, e sarcástico, cujo objetivo é intimidar-nos com as suas ações. Não nos adianta perder tempo a tentar compreender o porquê das suas atitudes pois quando implementada durante anos, dificilmente tende a mudar. Muitas vezes essas pessoas sofreram também elas de pais autoritários e agressivos, e comportam-se desta forma porque pensam que este é um tipo de comportamento normal para se ter. Em vez de tentar mudar aquilo que não podemos (o nosso agressor), devemos mudar a forma como nos relacionamos com ele, e protegermo-nos.

    O nosso objetivo há-de ser sempre evitar o conflito com essa pessoa, e fazer com que o agressivo liberte a sua ira, sem nós irmos atrás dela. Por isso, se pararmos para pensarmos na melhor forma de responder a um potencial agressor, podemos encontrar formas hábeis de "desarmar" o agressor.

  • Primeiro, é preciso ter em conta a importância da indiferença. A indiferença vai permitir construirmos um "muro" de defesa sobre o outro, que demonstra que não temos medo, nem nos deixamos intimidar tão facilmente.
  • Devemos saber controlar as nossas emoções, e criar novas emoções, mais positivas. Antes de sentirmos que as emoções estão a tornar-se incontroláveis, devemos esforçarmo-nos para gerar autocontrolo em nós próprios, e demonstrar a nossa intenção de forma positiva.
  • É importante não alimentar os conflitos: discussões geram discussões. Utilizar frases curtas, simples e eficazes. Não vale a pena perdermo-nos em grandes explicações e apelar a emoções.
  • Devemos controlar o nosso tom de voz, e tentar ao máximo mantê-lo calmo. Cada vez que a pessoa agressiva demonstrar uma comunicação agressiva, devemos reformular aquilo que foi dito por palavras mais subtis, de forma a fazê-lo compreeder que, com um tom de voz mais suave, a comunicação também é possível: "Então o que me estás a dizer é que..."

    O mais importante ao lidar com alguém extremamente agressivo é saber os nosso próprios valores, e limites - e nunca permitir ao agressor ultrapassá-los! Por isso, deve ser definido com a pessoa agressiva o que é, e o que não é, aceitável neste tipo de relação (assuntos para se falar, comportamentos a se ter, etc.), e o que acontece quando estes limites são ultrapassados.

    Se estipularmos a nós mesmos que, cada vez que nos sentirmos numa situação em que estamos a ser alvo de ataque e não estamos a conseguir ultrapassar a situação, retiramo-nos de cena, então retiramo-nos mesmo. E quando estivermos mais calmos, comunicamos à pessoa que nos retirámos porque nos estávamos a sentir magoados naquela situação, e quisemo-nos proteger.

    É fundamental não nos deixarmos ser atacados por estas pessoas, nem focarmos a nossa vida à sua volta: arranjar hobbies, e alargar o nosso leque de amizades são opções saudáveis a se tomar.

 

O que acharam do Consultório de hoje? Para terem aqui a vossa questão respondida para a semana só têm que: comentar este post com a vossa questão (em anónimo se não se quiserem expôr, ou com o vosso blog), comentar o post do meu instagram que irá sair sobre o Domingo de Consultório Aberto, OU mandar um e-mail para umacartaforadobaralho@hotmail.com (onde podem, mais uma vez, identificar-se ou não, conforme queiram ou não manter o anonimato). 

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#5 DomingodeConsultório: Dicas para melhorar a auto-estima

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    Boa tarde a todos! Como estão? Hoje temos a tótó mais acarinhada pela blogosfera no divã do nosso Consultório! 

 

    Ela diz: "Detesto comprar roupa. Não consigo escolher nada, acho que tudo me fica mal e pior do que tudo é que sou uma pessoa com um corpo elegante e sim, sou gira, por isso até se podia dizer que qualquer coisa fica bem mas não. Também isto é um problema de auto-estima e auto-confiança, ou melhor, falta destas duas coisas. Que dicas me dás para melhorar estes dois aspectos e passar a ser uma mulher super confiante?"

 

    Em primeiro lugar, minha querida, deixa-me dizer-te que o caminho para a auto-confiança não é nada fácil, e é bom ter noção disso. Não é de um momento para o outro que viramos super-homens ou super-mulheres, tornamo-nos imbativeis, e nada nos pára (infelizmente...). Eu gosto de acreditar que é um percurso que se faz sistematicamente, todos os dias. A partir do momento que tomamos consciência disso, há várias coisas que podemos fazer diariamente:

1- Identificar a/as fonte/s da nossa baixa auto-estima: É algo que já vem de trás, desde que somos pequeninos?; nasceu connosco?; se não, quando é que surgiu?; como nos vêem os nossos familiares/amigos/parceiro amoroso/colegas de trabalho?...

2- Proceder às mudanças necessárias na nossa vida: É necessário reestruturar o nosso ciclo de amizades (e acabar com amizades tóxicas)?, é preciso aprender a comunicar de forma mais assertiva (para não nos deixarmos afetar pelas criticas dos outros)?...

3- Treinar a nossa assertividade. Explico-te o conceito de comunicação assertiva aqui, mas basicamente o objetivo é, cada vez que sentirmos que a nossa auto-estima está a ser magoada por alguém, evitarmos a situação (quando possível), e defendermo-nos de forma correta às acusações da pessoa, para a nossa auto-estima não ser 'beliscada'. Por exemplo, quando um pai mais autoritário for ofensivo, dizer algo do tipo: "Compreendo o que me estás a dizer, mas neste momento estou a sentir-te exaltado, e estou-me a sentir magoado/a com as tuas palavras, por isso vou-me retirar para podermos falar quando estivermos os dois mais calmos. Espero que compreendas." A ideia aqui é protegermo-nos, e não nos deixar que nos afetem em situação alguma. Se quiserem, posso fazer um post com mais exemplos de frases assertivas que se deve ter.

4- Enumerar as nossas qualidades e conquistas. Escrevê-las num papel, passar a computador e colocá-las no nosso quarto, perto de nós, para que possamos relembrarmo-nos delas facilmente, é uma possível dica. Afirmarmos diariamente as nossas qualidades para nós mesmos, é outra. O objetivo aqui é substituir pensamentos ofensivos como "és preguiçoso/a", "és feio/a" por pensamentos saudáveis, e verdadeiros.

5- Evitar comparações com os outros, e críticas (a nós, e ao mundo). Assim que nos dermos conta da nossa 'voz interior' a criticarmo-nos, tomar consciência e parar o pensamento. E questioná-lo: é completamente válido?, que evidências tenho para pensar assim?, e que evidências tenho para pensar que é falso?, é útil para mim pensar isto de mim?, e reavaliá-lo para ver se é 100% correto. Na grande parte das vezes um pensamento é apenas isso, um pensamento (errado). Não passa disso, e não chega a facto.

 

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#4DomingoConsultório: Dificuldade em tomar decisões...

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    Bom domingo a todos! Hoje é dia de abrir o nosso consultório! (Fico feliz por ainda gostarem de ouvir o que esta gajinha desbaralhada tem para dizer, por isso muito obrigada!! ). Hoje foi a nossa querida desarrumada a deixar-nos a sua questão!

    "Um dos problemas que me afectam mais é não conseguir tomar decisões. Fico sempre com aquela sensação de que ao decidir algo vou estar a "perder" outra coisa, e que ambas as decisões têm coisas negativas e positivas, sendo-me extremamente difícil escolher uma delas.... Muitas vezes acabo por evitar a escolha e não decidir nada, adio, adio, até perder a oportunidade. Isto tem prejudicado a minha vida em muitos aspectos. Já ando a ver uma psicóloga porque a situação tornou-se insustentável... mas gostava de saber a tua opinião sobre este "problema".

    Cara desarrumada, a meu ver, a dificuldade em tomar decisões pode ter a ver com:

  • A falta de confiança que temos em nós próprios: Por sermos pouco seguros podemos ter medo da reação dos outros e/ou não nos sentirmos à vontade para tomar uma determinada decisão. Neste caso, há que trabalhar a nossa auto-estima e despreocupação com o que os outros pensam, de forma a sentirmo-nos menos 'culpados' da nossa decisão. Há que ter em conta que em primeiro lugar temos de pensar no que é bom para nós e naquilo que nós queremos, e nunca nos devemos sentir mal por isso!
  • Ou... Não sabermos o que é que queremos: Muitas vezes por pensarmos demasiado nos outros, podemo-nos esquecer o que queremos para nós próprios. Ou então, temos dificuldade em escolher a melhor opção por conseguirmos ver os pros e contras das duas escolhas. Nessa situação devemos explorar, sempre que possível, as duas opções em causa, de forma a conhecermo-nos melhor, e, no futuro, sabermos dizer de forma mais assertiva o que gostamos mais. Lembremo-nos: a prática leva à perfeição. Podemos demorar a tornarmo-nos mais decididos, mas é um treino constante que bem cumprido, dá frutos.

    Apesar de tudo isto, aconselhava-te a manter as "visitas regulares" à tua psicóloga.  A dificuldade na tomada de decisões está muito relacionada com o stress e ansiedade. E muitas vezes com estes níveis emocionais estabilizados, processos cognitivos como a tomada de decisões e o raciocínio lógico trabalham muito mais facilmente! Boa sorte!

    E por hoje é isto! Gostaram? Para terem aqui a vossa questão respondida para a semana só têm que: comentar este post com a vossa questão (em anónimo se não se quiserem expôr, ou com o vosso blog), comentar o post do meu instagram que irá sair sobre o Domingo de Consultório Aberto, OU mandar um e-mail para umacartaforadobaralho@hotmail.com (onde podem, mais uma vez, identificar-se ou não, conforme queiram ou não manter o anonimato). 

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#3 DomingodeConsultório: Ansiedade

 

    Ora boas tardes!! Hoje é domingo, sabem o que isso significa? Isso mesmo, é Domingo de Consultório, o que significa que o nosso consultório está aberto!  

    Hoje tivemos a Emma como convidada ao nosso divã, e ela veio-nos colocar uma pergunta muito interessante, ora vejam só (e obrigada minha querida pela tua questão!):

 

    A Emmablogue13 diz: "Tenho tendência a imaginar sempre as piores situações. Por exemplo, vou no carro e de repente há um barulho estranho eu começo logo a imaginar que vamos bater e/ou morrer. E nem sou uma pessoa negativa, excepto em situações onde pode haver perigo, mas depois passa. A minha questão é: Isto pode vir a provocar-me ataques de asiedade um dia mais tarde, ou outra coisa qualquer?"

 

    Olá Emma! Na minha opinião, há sempre pessoas que, em situações de stress, tendem a imaginar o pior cenário possível. E isso pode não querer dizer nada, pode simplesmente ser a sua forma de pensar. No entanto, depende muito de como te sentes cada vez que tens esse tipo de pensamentos. A ansiedade é sempre seguida de pensamentos frequentes, que originam um mau-estar no corpo muito grande. Caso sintas o coração acelerado, suores frios ou mais dificuldade em respirar nesses momentos, acho que deves consultar um psicólogo para te avaliar de forma mais completa. No entanto, caso não passem de pensamentos momentâneos e não sintas nada daquilo que mencionei anteriormente, não tens razão para te preocupar.

    E por hoje ficamos por aqui! O que acharam do Consultório de hoje? Para terem aqui a vossa questão respondida para a semana só têm que: comentar este post com a vossa questão (em anónimo se não se quiserem expôr, ou com o vosso blog), comentar o post do meu instagram que irá sair sobre o Domingo de Consultório Aberto, OU mandar um e-mail para umacartaforadobaralho@hotmail.com (onde podem, mais uma vez, identificar-se ou não, conforme queiram ou não manter o anonimato). 

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#2 DomingodeConsultório: Como encontrar o psicólogo ideal?

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    Sejam bem-vindos, mais uma vez, ao Domingo de Consultório, o nosso Consultório está aberto! Hoje tivemos duas pessoas que se sentaram ao nosso divã, e quero agradecer desde já a vossa participação. Vamos conhecer as suas questões!

 

    Sara Beauty diz ser "muito chorona", referindo que em situações de avaliações da escola, "quando era altura de receber o feedback dos professores, sempre que eles apontavam algo de errado que eu tinha feito, lá vinham as lágrimas." Acrescenta que "Como sempre fui mais para o gordinha e sofri bullying no ensino básico todo por isso, penso que a estratégia que eu arranjei era ser "perfeita" nos estudos e portar-me exemplarmente. Algum conselho para eu controlar melhor estas situações?"

 

     Querida Sara, percebo o que sentes, porque sou muito semelhante a ti: sou péssima a receber críticas, e é algo que quero trabalhar. Por isso, vou-te dar o conselho que eu estou a aplicar neste momento: trabalhar na minha auto-estima. Ao melhorar a forma como nos vemos a nós, as críticas dos outros (seja de bullies, de professores..) vão deixar de ter um peso tão grande. Não é fácil aumentar a auto-estima de um momento para o outro, é um treino que se faz, todos os dias. Neste caso, aconselhava-te a: identificar o que te poderá estar a causar uma eventual baixa auto-estima neste momento (familiares, amigos, colegas de trabalho, o emprego...) e o que se pode fazer; rodear-te de pessoas positivas; ser mais assertiva; enumerar as tuas qualidades e evitar comparações com os outros; e evitar criticarmo-nos a nós e aos outros, de forma excessiva. Ao aceitarmo-nos tal como somos, tanto as nossas características físicas e psicológicas que gostamos mais, como as que gostamos menos, ficamos menos afetados pelas opiniões negativas dos outros, e logo, choras menos. É pensar que nós somos muito mais do que tudo isto, e as difuldades que nos apareçam apenas nos tornaram pessoas mais fortes 

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    Já o P.P. diz: "Tenho uma dúvida a respeito da atuação do psicólogo clínico em casos de transtorno de ansiedade e depressivo. O que leva alguns profissionais a, durante meses, todas as semanas, escutarem o doente, sem tirar qualquer nota ou colocar questões? O psicólogo não deve apresentar "estratégias de superação"? Ex.: o doente tem dificuldade em interagir com os pares, em contexto profissional, mas também onde vive, isolando-se. O mecanismo de ação do psicólogo deve ser o descrito? Como procurar o psicólogo ideal?"

 

    Caro P.P., percebo a tua dúvida. Existem vários tipos de profissionais de psicologia, cada um com a sua vertente clínica, e por isso às vezes torna-se difícil encontrar o psicólogo ideal para nós. Os mais frequentes costumam ser os psicólogos dinâmicos ou os psicanalistas, que são psicólogos mais focados em explorar o passado da pessoa e deixar a pessoa falar (não costumam tomar notas e intervir, porque eles acreditam que a terapia faz-se assim). Por outro lado, temos os psicólogos cognitivo-comportamentais, que são mais focados no aqui-e-agora. São mais intervenientes nas consultas, e dão técnicas para lidar com o presente.

    Não existe propriamente uma abordagem melhor ou pior, existem é vários tipos de intervenção psicológica. Pelo que me estás a dizer deves estar perante uma vertente mais parecida com a primeira que descrevi e, neste caso, não está a ser a mais indicada para ti. O meu conselho é, antes que tudo, seres sincero com o teu psicólogo, e dizeres que mais do que desabafar, pretendes técnicas para lidar com o que estás a sentir. Se ele se recusar a dá-las, e no futuro, se vês que com a tua terapia atual não está a avançar da maneira que pretendes, procura por um psicólogo especializado na área cognitivo-comportamental. Podes ver na internet, ou em consultórios perto da tua localidade. Boa sorte, e espero ter ajudado!

  E por hoje é só! O que estão a achar desta rubrica? Têm alguma questão para o próximo Domingo de Consultório? 

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