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umacartaforadobaralho

"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

Já cansei de ser adulta!

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    Recebi hoje a notificação do tribunal a falar do serviço comunitário que vou ter que prestar (quem me manda a mim cometer ilegalidades...?! ) e vou ter que mandar cartas ao juíz e a não sei que mais, para saber onde e quando vou começar a fazer esse trabalho... Depois tenho ainda de me inscrever na segurança social e preencher uma série de burocracias porque vou começar o meu estágio como Psicóloga em breve. Isto para não falar também da quantidade de papelada e chatice que estive a tratar nas últimas semanas só para me conseguir registar na Ordem dos Psicólogos Portugueses (um dia desabafo-vos o quão urticária me dá esta minha Ordem, mas hoje não é o dia...). Resumindo, isto de ser adulta É UMA SECA!

    Já me cansei desta vida de adulta, por isso agora era a altura ideal de voltar à minha adolescência, onde todos os problemas que pareciam o fim do mundo, afinal tinham uma solução muito mais fácil do que aquilo que eu achava. E onde eu também não fazia a mínima ideia do que eram responsabilidades dos crescidos... Ai, que saudades... 

    Lembro-me de ouvir, até há bem pouco tempo, a minha irmã a fazer a contagem decrescente todos os anos para ter 18 anos, e todos os aniversários me dizia, toda entusiasmada: "Mal posso esperar para ser adulta!!". E eu não conseguia evitar todos os anos dizer-lhe que não é assim tão bom como parece, e para aproveitar enquanto dura uma das fases mais bonitas da nossa vida ("Olha que em adulta já podes ir presa!" - dizia eu, para a assustar. E no fim quem ia sendo presa era eu ).

    Talvez agora, já com os seus 18 anos feitos, ela perceba o que quis dizer ao longo de todos estes anos. Claro que sim, eu adoro imenso ter 24 anos, e tenho plena noção de que ainda tenho muita coisa para viver, mas quando a vida de adulta se torna demasiado séria e aborrecida, não consigo evitar sonhar com os meus tempos de infância e juventude... Serei a única? 

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A minha experiência com a ansiedade

 

    Tudo começou com a preocupação. Eu preocupo-me com tudo e com mais alguma coisa, e antigamente achava que não passava disso. Não era só preocupação em relação àquilo que eu estava a passar pessoalmente, mas com toda a gente à minha volta. É como se eu sentisse exatamente aquilo que os outros me dizem que estão a sentir, é tão estranho! Por exemplo, se alguém me dizia que estava a passar por uma fase menos boa na sua vida, eu não conseguia parar de pensar nisso, e no quoão mal essa pessoa estava (e no que eu poderia fazer para a ajudar); se sabia de alguém próximo que estava doente a mesma coisa; se estava com alguma incerteza em relação ao meu futuro, também começava a pensar em tudo aquilo que poderia correr mal... Foi aí que a preocupação se tornou em pensamentos obsessivos.

    Tudo coisas que eu achava normais na altura, que poderiam acontecer a toda a gente - e acontecem, até se tornar doentio. Comecei a sentir os sintomas físicos da ansiedade quando comecei a 'trabalhar' oficialmente numa empresa. Vieram as tonturas muito fortes, os batimentos cardíacos acelerados, a garganta seca, e as faltas de ar. Fui à psicóloga, e aquilo que temia aconteceu: disse-me que tinha um quadro de ansiedade generalizada instalado. E tudo passou a fazer sentido. Não era apenas preocupação com tudo e todos, não eram apenas pensamentos simples, mas coisas que precisavam de ser tratadas.

    Hoje em dia continuo a ser acompanhada por ela, que continua a fazer um excelente trabalho, mas isso não significa que a minha ansiedade tenha desaparecido. Nos momentos mais ansiogénicos para mim, ela está sempre presente: quando estou preocupada com algo que a minha família ou os meus amigos estejam a passar (por mais simples que seja, não consigo parar de pensar no pior cenário possível), nas apresentações orais em frente a muita gente, nos momentos tensos em que entro em conflito com alguém, etc. E lá vem a dificuldade em respirar, a cabeça às voltas, os suores frios...

    A diferença é que agora tenho aprendido técnicas de forma a controlar melhor a ansiedade que sinto (ou pelo menos, a evitar que ela aumente):

  • Distrair o meu pensamento, e distanciar-me o melhor  possível do local/momento/indivíduo ansiogénico para mim;
  • Fazer a respiração diafragmática (onde se privilegia a respiração através da elevação do abdómen, ao invés da torácica);
  • Tentar ao máximo racionalizar aquele momento (o que me está a causar este medo/preocupação? o que estou a sentir neste momento? qual o risco do pior cenário acontecer? e o que irá realmente acontecer?)...

    Para além disso, praticar exercícios de relaxamento (onde nos focamos em determinadas parte do nosso corpo e no que estamos a sentir, por exemplo) e de actividade física (pode ir de uma simples caminhada, até sessões mais exigentes no ginásio) nos tempos livres também se revelam óptimas formas de combater a ansiedade...

    Algum de vocês também já passou por momentos de grande ansiedade na vossa vida? E se sim, como lidaram com eles?

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Eu não fui feita para dietas!

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    Querem saber uma coisa engraçada? O médico disse que, pelos meus sintomas, tenho uma gastroenterite viral (que me pode ter sido passada por contágio com outras pessoas que também a tiveram). O que significa que, a par dos antibióticos, anti-inflatórios, parecetamóis e suplementos alimentares que tenho que tomar todos os dias, tenho também que fazer uma dieta alimentar hiper-mega restrita.

    Epa, e eu devo ser como muitas pessoas que vocês conhecem, mas quando me dizem "Não podes comer isto!" é quando eu quero comer mais! E podem me proibir tudo, mas chocolate é a minha perdição... Não me façam isto...

    Aqui vai a lista que o meu médico me passou ontem:

 

O QUE COMER

  • Chá preto
  • Água
  • Leite e Iogurte sem lactose
  • Canja
  • Arroz
  • Nestum de arroz
  • Frango e peru cozido
  • Maçã e pêras cozidas 

 

NÃO COMER

  • Leite com lactose
  • Bebidas com gás
  • Fruta Crua
  • Sopa de Vegetais...

 

    Estão a ver agora o meu martírio, certo? Reparem que ele nem acrescentou o chocolate ao não comer porque disse logo que era uma coisa "óbvia". ÓBVIA? DESDE QUANDO É QUE É OBVIO VIVER SEM CHOCOLATE?  Eu vou passar a comer comida de passarinho, basicamente! Arroz e água.

    Talvez esteja a exagerar, mas algum de vocês já provou maçã cozida? É só a pior coisa à face da terra... E leite sem lactose? Provei hoje e só me apetecia vomitar 

    Eu não fui feita para comer comidas TÃO saudáveis... Tenho os meus limites. A minha irmã diz que devo aproveitar para me tornar vegetariana...  - a pirralha só sabe gozar comigo.

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O confronto com a realidade

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    Hoje é daqueles dias de desabafo, e vocês foram os escolhidos (sortudos...). Ultimamente tenho-me sentido muito assustada, e ansiosa - e sim, nós psicólogos também padecemos destes males. A tese atrasou-se mais do que deveria, por isso passei o Verão a trabalhar nela, mas agora parece que estou a cair na realidade...

    A defesa da tese já está aí à porta, atrás dela está a empresa a que me comprometi fazer o meu estágio profissional, para finalmente ser considerada psicóloga... Devia estar felicíssima, mas a verdade é que estou cheia de medo. Sinto que tenho tudo fora do meu controle, estou super insegura.

    Em primeiro lugar, odeio apresentações orais de morte, e só de pensar na minha defesa tenho arrepios até à espinha. Mas depois, é o que vem a seguir dela também! A entrada no trabalho, desta vez a sério! E, diga-se de passagem, um trabalho numa empresa que não foi das minhas preferidas de trabalhar... Mas lá vai ter que ser. Hoje em dia encontrar estágios profissionais de psicologia está pela hora da morte, e sem ele não posso ser psicóloga (profissão que tanto amo), por isso não tenho outra opção.

    No entanto, não me sinto minimamente preparada. Vou, finalmente, sair da faculdade. Mas ao mesmo tempo, vou iniciar o meu caminho numa empresa, que no passado me causou tanto stress e preocupação... E estou definitivamente assustada.

    Digam-me que não sou a única assustada nesta fase, por favor...

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Porque é que não fazemos reclamações?

    Já alguma vez foram atendidos por um médico que vos passasse um atestado de incompetência (e perguntasse coisas como "Não sabes ler, é?"), ou receberam uma multa da EMEL simplesmente porque sim? Eu já, e nunca fiz queixa nem reclamação. Mas devia! 

    E sei que não sou a única. À medida que vou desabafando com pessoas minhas conhecidas me apercebo que, cada vez mais, a maioria das pessoas com que eu falo nunca faz reclamações, quando são mal-atendidos. Não estando aqui a querer incentivar reclamações por "dá cá aquela palha", refiro-me antes a reclamações bem fundamentadas, quando o cliente sente-se injustiçado, mal tratado ou prejudicado por uma entidade, ou serviço.

    Eu sou adepta de darmos a nossa opinião quando somos bem e mal servidos, e por isso quero mudar a minha atitude pacifista (e do "bate-me, que eu gosto"), e passar a reclamar quando achar necessário. Pois só assim o serviço pode melhorar. Talvez não com uma reclamação, mas várias, fazem a diferença. Apenas ao expressar a nossa opinião podemos esperar que as coisas mudem, caso contrário o serviço vai permanecer igual.

    E porque gostava de passar esta mesma mensagem, decidi "desmistificar" algumas explicações populares de porquê que as pessoas não fazem reclamações:

 

"Ah, deixa lá. Não vale a pena"

Será que não vale mesmo a pena? Ao conformarmo-nos com um mau serviço, ou atendimento, não estamos nós a incentivar para que os trabalhadores continuem a fazer o mesmo? Continuem a ser mal-educados, incompetentes e a prejudicar os seus clientes?

 

"Não sei como fazer queixa"

Procurar a informação é fundamental. Seja nos balcões, ou online, não há desculpa para não saber como fazer reclamações.

 

"Dá muito trabalho"

Até pode dar, pois há entidades que gostam de complicar, mas será que não vale a pena o esforço? No caso da multa, por exemplo, podíamos pagar uma multa de 50€ que não tinha cabimento nenhum e "calar", mas seria justo para nós? Sentiriamo-nos bem connosco? 

 

"Não vai adiantar de nada"

 Não se sabe! Pode adiantar, ou não. Mas partir já do pressuposto que devemo-nos conformar com este tipo de injustiças, não é um tipo de mentalidade que eu queira ter. No futuro, não quero ensinar aos meus filhos que quem passa por cima dos outros é quem triunfa na vida. Ainda acredito na justiça.

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A respeito da violência no namoro

    Há coisas que eu vejo na televisão que me deixam extremamente revoltada, e esta é uma delas: "Jovem de 22 anos atacou a namorada à facada" - dizia uma notícia no Você na Tv de ontem. Como se a notícia em si já não fosse chocante o suficiente, apesar das inúmeras notícias nos programas de manhã com casos destes - infelizmente -, o que me deixou mais chocada ainda foi o que os comentadores vieram dizer a seguir.

    Segundo a notícia, o rapaz esfaqueou duas vezes a namorada, no abdómen e na anca, podendo este ser acusado de tentativa de homicidio. No entanto, para já, as autoridades estão ainda a tentar apurar o que aconteceu e os motivos da agressão, e por agora o rapaz está em liberdade. Liberdade essa que vai durar até aos juízes decidirem o seu veredicto, que de acordo com um dos comentadores do Você na tv, pode demorar mais que um ano.

    Deixem-me ver se entendi corretamente: Um jovem agrediu uma rapariga à facada, possivelmente com a intenção de matá-la, e as autoridades responsáveis vão deixá-lo em liberdade até os juízes darem a sua sentença? Que pode demorar anos a acontecer...?

    Até lá estamos há espera do quê? Que a rapariga recupere, e saia do hospital para o namorado a matar de vez? Desculpem a frieza, mas eu gostaria de saber desde quando é que a justiça deste país esqueceu-se que estamos a lidar com pessoas! Neste caso, trata-se de um homem perigoso, que está a meter em risco a vida de outra pessoa! Desde quando é que isto virou uma selva, em que se pode fazer o que se quer e sair impune? Que m**** de moral estamos nós a ensinar aos nossos filhos? 

    O que mais me revoltou foi a tranquilidade que o senhor Aníbal Pinto dizia "Toda a gente tem o direito à sua liberdade, até ser considerado culpado, e neste caso, ainda não temos provas se este rapaz é culpado, por isso é um homem livre como toda a gente". A si digo-lhe o seguinte: Deus queira que nunca tenha que passar por isto, mas por 2 minutos apenas, imagine a sua filha, mulher, irmã... a ser agredida fisicamente por um homem, à facada. E agora imagine-a deitada numa cama de hospital, enquanto o marginal agressor passeia, livre, alegremente nas ruas... Quando sentir essa revolta interna ao ver esse sujeito impune de qualquer prejuízo, venha-nos falar em justiça.

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O drama das sandálias

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No outro dia estava a comentar com uma amiga minha que tenho um problema em encontrar calçado bonito para o verão, neste caso, sandálias. Ou são todas rasas e plain old boring, ou então plataformas super altas que pareço um peru desajeitado a andar com elas.

E ela concordou comigo! E contou-me que usa ténis exatamente por causa disso! Não é porque adora ver os seus pés a arder com o calor dos ténis! Não, é porque é o único calçado bonito para o verão...

E vocês, têm algumas sandálias bonitas para o verão? Se sim... ONDE RAIO É QUE AS COMPRARAM? 

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Uma carta (fora da) minha primeira paciente

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    A minha primeira paciente era uma senhora com os seus 70 anos de idade, olhar simpático e com um sorriso meigo. Mas não foi sempre assim que eu a vi.

    A primeira vez que a Dª. Mariana* entrou no meu consultório ela vinha de semblante triste, cabisbaixa e muito frágil. Tinha sofrido um luto inesperado há pouco tempo, e como o seu médico de família a vira tão chorosa nas suas consultas, mandara-a para uma consulta de psicologia. E fui eu, recente estagiária, acabadinha de chegar da faculdade, que ficara encarregue do caso. 

    Devo-vos confessar que no início fiquei apavorada. O meu primeiro caso clínico envolvia uma morte, o luto de um ente querido! Estudei muito, li, e tentei ao máximo conhecer melhor esta senhora. O meu único objetivo era fazer parar o seu choro incessante de cada consulta. Só queria que ela se sentisse melhor.

    Percebi que havia muito mais do que um luto por detrás da sua tristeza, algo que nem vale a pena explorar aqui. Digamos que nos últimos anos não tinha tido muitos motivos para sorrir, e aquela morte só havia vindo piorar o que - há muito -  estava por resolver.

    Não foi fácil, mas durante 6 meses que tive o meu estágio curricular, recebi a tristeza da Dª. Mariana, tentei ao máximo ser o suporte da sua tremenda dor de há muito, e desafiei-lhe novas formas de pensar e agir, para melhorar o seu bem-estar.

    Hoje tenho saudades de conversar consigo, Dª. Mariana... e tanta curiosidade em saber como está! O que é feito de si? Estará melhor do que a última vez que a vi? É triste pensar que, possivelmente, nunca mais vou ter notícias da primeira paciente que me passou pelas mãos... 

    Escrevo para lhe dizer, Dª. Mariana, o quanto me fez crescer enquanto psicóloga, e ser humano. Eu acredito que os pacientes aprendem muito com os seus psicólogos, mas os psicólogos também aprendem muito com os seus pacientes! E nem tão cedo me vou esquecer de si, da sua história, e do seu sorriso tímido (quando finalmente apareceu!). Foi a minha primeira paciente, e vai ter sempre um lugar especial no meu coração. 

    P.S.: Ainda guardo todos os desenhos que me deu, na nossa última consulta - quando descobriu que o meu estágio terminara -, junto à minha mesinha-de-cabeceira. 

 

*O nome foi alterado para proteger a identidade da paciente.

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Uma carta (fora do) Professor que disse que eu nunca iria ter futuro

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    No outro dia cruzei-me, de longe, com um antigo professor meu do ensino secundário que já não via há imenso tempo. Era um professor muito exigente com os seus alunos. Chegou a dizer-me para desistir da ideia de ser Psicóloga, porque nunca teria futuro para mim. Disse-me várias vezes, e chegou a falar com os meus pais, para me fazerem mudar de ideias. Para mim, o pior foi aquele dia em que recebemos o teste da sua disciplina de filosofia.

    Depois de distribuir os testes, o prof. vira-se para o quadro e começa a escrever uma frase. Quando termina, olha para todos nós e pergunta-nos, furioso e aos berros, se temos ideia de quem escreveu aquilo. Disse-nos que foi um de nós. Em pânico, começámos todos a percorrer os nossos testes, na esperança de não encontrarmos aquela frase na nossa folha. Pois adivinharam, a minha esperança não demorou muito a desvanecer-se. Fiquei branca quando descobri que o teste que ele se referia, era o meu. "Vocês têm ideia do que está aqui escrito no quadro? Alguém consegue entender a asneira que aqui se encontra?! A pessoa que escreveu devia ter vergonha!". O meu coração parou. Como tímida que sou, não tinha qualquer resposta, estava petrificada de vergonha, e assustada. Ele aí prosseguiu aos berros a dizer que a pessoa que escreveu aquilo nunca iria a lado nenhum, nunca iria conseguir entrar na faculdade, e que o melhor que tinha a fazer era desistir da escola.

    Chorei o resto do dia, envergonhada daquilo que eu era.

  Passado 8 anos dedico este post a este professor, na esperança que venha a ler esta "carta":

 

Querido Professor,

Como está? Espero sinceramente que esteja tudo bem consigo, a nível pessoal e profissional. Por cá, está tudo óptimo.

Não sei se se lembra de mim, a aluna calada lá no fim da sala. Peço desculpa por nunca conseguir tirar 20 nos seus testes, ainda assim, hoje, gostaria de lhe deixar uma mensagem.

Consegui acabar o secundário com uma boa média, que me permitiu entrar numa faculdade para tirar a licenciatura de Psicologia. Acabei a licenciatura de 3 anos com uma nota excelente, e por isso consegui também entrar numa faculdade muito conceituada para o mestrado, o qual estou a finalizar neste momento. 

Fui convidada para ir a duas conferências para apresentar o tema da minha tese, numa das quais ganhei o prémio de melhor apresentação do Congresso. O meu prémio? Uma pós-graduação na minha área! Espere, que há mais!

Realizei dois estágios com sucesso, este último devido a uma bolsa que ganhei. No último estágio gostaram muito do meu trabalho, e por isso contrataram-me para continuar a trabalhar lá, enquanto psicóloga, assim que terminasse a minha tese. Já tenho, por isso, planos para entrar no mercado de trabalho, futuramente.

E pronto, por agora é tudo. Acredito com esperança e luta, tudo se consegue! E estou ansiosa para ver o que o meu futuro me reserva! 

E o professor? Continua a infernizar a vida dos seus alunos, ou já ganhou vida própria?

Cumprimentos,

A Carta

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Sentir-me fora (do baralho): o desabafo de uma introvertida

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    Desde que me conheço que nunca fui grande fã de falar muito, nem tão pouco de estar rodeada de muita gente. Sempre fui muito tímida desde pequena, ao ponto de me lembrar de um colega meu dizer-me na primária: "Em tua casa não se deve ouvir nem uma mosca, aposto!" e rir-se que nem um perdido.

    Lembro-me de na altura ficar com cara de parva a olhar para ele porque não conhecia aquela expressão, e não fazia a mínima ideia do que ele queria dizer com as moscas... Mas cresci com aquela frase na cabeça. Realmente, é verdade!

    Lembro-me dos intervalos serem o paraíso dos miudos: os rapazes iam para os jogos de futebol, as meninas ficavam nos cochichos todas juntas, e eu ficava ali. Ali em qualquer cantinho do recreio, ocasionalmente juntava-se alguém comigo e lanchávamos juntos, mas para além disso, sempre me dei bem a estar sozinha.

    Cresci, e a coisa manteve-se. Tenho amigos, como é óbvio, - ou melhor, melhores amigos: tenho o meu grupinho da secundária que se manteve, e alguns amigos da faculdade (que se contam pelos dedos das mãos), mas mais do que isso não. E nem quero, sinto que estou muito bem assim.

    Não sou uma rapariga de sair muito com os meus amigos, e sinto que às vezes até posso ser mal interpretada, mas não faço por mal. Não é por não querer sair com todos eles, é por às vezes se tornar demais. Não sei explicar, mas odeio ser o centro das atenções. E sinto que quando estou num grupo de pessoas, a qualquer momento posso ser o foco, e isso torna-me vulnerável.

    A piada disto é que eu gosto imenso de conhecer pessoas, saber a sua história, como são... Mas ao mesmo tempo não suporto falar com um estranho por mais de 10 minutos! Eu sei, não dá para me compreender! (Haviam de ver os resultados dos meus testes de personalidade, coitados...)  

    Mas nem precisa de ser um estranho. Vou-vos dar um exemplo: almoços/jantares de negócio. Quando o sítio onde trabalho me diz que quer organizar um almoço com todo o pessoal da empresa, - como é o caso neste momento -, eu começo a ficar ansiosa. Começo a pensar na quantidade de pessoas que vão lá estar, que vou ter de conviver com todas elas, e, mais! Começo a pensar numa desculpa para não ir... 

    Eu sei que muita gente considera-se introvertida também, e sei que não tem mal nenhum em ser assim, pois cada um é como é, e isso é o que torna isto tão especial, mas... Às vezes, gostava de beber alguma poção milagrosa, que me deixasse segura e confiante o suficiente para enfrentar qualquer 'multidão', sem me deixar com palpitações antes. Têm alguma solução?

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