#9DomingodeConsultório: Como lidar com os medos das crianças?
Boa tarde a todos os que por aqui passam, espero-vos bem! Hoje venho falar de medos, e de como (tentar) ultrapassá-los em criança.
A pergunta foi-nos feita pela nossa querida Rute, do blog "O meu maior sonho", que é hoje a nossa convidada: "Como lidar com crianças que tem vários tipos de pânico? Refiro-me a medos misturados com pânico, tipo pânico em estar em zonas com muita gente, barulhos etc. Obrigada"
Cara Rute, visto me especificares um medo em concreto, é nele que me vou concentrar. O medo de estar em locais com grandes multidões tem vários denominações, sendo uma dos mais populares a Enoclofobia. A enoclofobia consiste neste medo irracional de multidões, que são consideradas muito barulhentas para o indivíduo. As causas podem muitas vezes ser genéticas, eventos de vida traumáticos ou stressantes, entre outros... e ocorre normalmente em pessoas tímidas.
Os sintomas caracterizam-se por: uma ansiedade e mau-estar geral em zonas com muita gente (que pode provocar um ataque de pânico, no seu extremo), aceleração do ritmo cardíaco, suores frios, tremores, etc. E de acordo com a gravidade dos sintomas, e se os ataques de pânico forem demasiado frequentes, aconselho-te a marcar uma consulta de psicologia, para a criança ser avaliada e ver o tipo de acompanhamento que precisa.
De qualquer modo, há várias coisas que os pais das crianças podem fazer para tentar diminuir este medo:
1) Falar com a criança sobre o seu medo. Não minimizar aquilo que sente, nem apressar para tentar ultrapassar a fobia é essencial. A criança precisa de se sentir à vontade para falar sobre o seu medo, de modo a sentir-se compreendida. Deve perguntar-lhe de que tem medo, porquê, e partilhar com ela os medos que também teve, em criança - de forma a ela sentir que empatiza com a sua dor.
2) Ensinar estratégias para ultrapassar o que sente. As crianças pequenas tendem a imitar os comportamentos dos adultos. Ao mostrar à criança que está confiante e segura em lugares com muita gente, está a dizer que nada de mal lhe acontece se ela fizer o mesmo, logo, está a dar o exemplo para ela. Para além disso, há também a técnica de dessesibilização sistemática: implica apresentar à criança o estímulo de que ela tem medo, segundo uma hierarquia do menor ansiogénico, para a maior. Neste caso seria, por exemplo, começar por expôr à criança algumas pessoas estranhas à sua volta (o menos ansiogénico para ela), e ir avançando gradualmente até grandes multidões (o maior ansiogénico). Em terapia, esta avaliação da hierarquia é feita, e identificada, pela própria criança. Ter um membro da família no momento de enfrentar o seu medo é também fundamental. A criança pode conversar com ela, dar-lhe a mão, e 'centrar-se' nela, para diminuir o surgimento de pensamentos negativos no momento de confronto com o medo.
3) Ensinar técnicas de respiração. A respiração profunda é uma delas, onde se diz à criança para imaginar que os seus pulmões são balões, e que ela deve deixar esvaziá-los lentamente. Este tipo de técnicas deve ser feito quando a criança está prestes a enfrentar o estímulo fóbico, durante o confronto, e depois. O ideal é, se a criança tem tendência a ser muito nervosa, fazer respiração profunda no seu dia-a-dia, uma ou duas vezes por dia é o recomendado.
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