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umacartaforadobaralho

"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

Não vamos falar disto?!

 

Em primeiro lugar, eu sei que vos tinha dito que estava de volta ao blog, mas com o regresso da minha ansiedade generalizada (e revolta com o corona em particular... ), não consegui de todo, e por isso peço-vos desculpa.

Hoje trago-vos um assunto que me deixa muito triste, pois adoraria não o ter de abordar desta forma.

Para quem não sabe, a revista Vogue Portugal lançou, numa das suas capas para a edição "Madness" deste mês, o tema da saúde mental. Esta seria uma óptima iniciativa não tivessem eles utilizado o termo "loucura" (=madness)  - expressão tão ultrapassada nos dias de hoje... -, para falarem de um assunto tão relevante como é a saúde mental.

Para piorar as coisas, tiveram uma capa para representar este tema no mínimo... infeliz. Uma das imagens escolhidas para a capa da revista (que se pode ver na imagem acima), mostra um cenário de hospital, onde uma rapariga se encontra dentro de uma banheira, com duas enfermeiras à sua volta que lhe dão banho.

Esta representação das doenças mentais não só está mais do que desatualizada, porque remete aos tempos antigos, onde haviam hospitais psiquiátricos que torturavam os doentes mentais pois eram vistos como 'estranhos', 'possuídos', 'obra do demónio' ou 'bruxaria'; como demonstra insensibilidade e preconceito em relação a este tema.

Este tipo de fotos não só é ofensivo para todas aquelas pessoas que sofrem de algum tipo de perturbação psicológica, como dá uma ideia totalmente errada daquilo que é uma doença mental, das pessoas que sofrem dessas doenças e de como é feito o seu tratamento.

Não somos 'malucos' por vivermos com uma doença mental. Nem 'fracos'. Não somos definidos pela nossa doença. Somos pessoas, como todas as outras, e calhamos a ter uma doença mental. 

E há muito mais pessoas portadoras de distúrbios mentais do que aquilo que se julga. Ainda para mais, estima-se que a pandemia veio agravar os quadros clínicos pré-existentes, e criar novos sintomas para indivíduos até então saudáveis. Veio também aumentar os casos de suicídio!

Por isso este é um assunto de extrema importância!! A saúde mental não é uma brincadeira, não deve ser um assunto para ser tratado levianamente, não deve ser romantizado. O tratamento destes pessoas é feito à base de psicoterapia/intervenção psicológica, e/ou psiquiatria (onde é feita a adesão medicamentosa).

Caso queiram saber mais acerca da intervenção psicológica, podem divertir-se a explorar a minha tag de #DomingodeConsultório, onde respondo a várias questões sobre várias problemáticas relacionadas com a saúde mental, e para conhecerem algumas das abordagens dos psicólogos durante as suas consultas cliquem aqui.

Acima de tudo informem-se muito bem acerca da saúde mental e da sua importância, e ajudem a desmistificar este estigma. Bora lá salvar vidas 

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#34DomingodeConsultório: Doença psicossomática - quando a dor emocional afecta o corpo

 
O QUE É?
 
    A doença psicossomática é das que considero mais interessantes de se estudar, pois não é nada mais nada menos, do que a expressão da dor no corpo (wooow, eu sei!). Segundo as teorias psicológicas, quando nós passamos por algum evento de vida stressante/negativo e reprimimos ou ignoramos essas emoções, elas podem-se manifestar no nosso corpo.
    Desta forma, a doença psicossomática costuma aparecer em individuos com altos niveis de stress e ansiedade,  depressão, com traumas, que sofreram de bullying, com ritmos de vida stressante (como no trabalho, etc).
    E só para terem uma noção como o stress emocional é tão importante, ele pode até agravar uma doença já existente, como o caso da diabetes (em indivíduos com predisposição para a doença).
 
 
COMO SE PODE MANIFESTAR?
 
    Esta patologia pode manifestar-se de diferentes formas, e pode afectar quase todas as partes do nosso corpo.
    Algumas das suas manifestações mais frequentes são:
  • Dor no peito, costas ou cabeça.
  • Enxaquecas
  • Suores
  • Tremores
  • Hipertensão
  • Distúrbios intestinais
  • Enjoos
  • Falta de ar
  • Aumento do batimento cardíaco
  • Manchas vermelhas na pele
  • Úlceras
  • Dermatite
  • Impotência Sexual, etc.
 
 
COMO COMBATER?
 
    Cada caso é um caso, e tudo depende da gravidade da sintomatologia da doença.
    No entanto, há ações que podemos tomar para combater e prevenir, este mal:
 
1- Mudar o nosso estilo de vida. Limitar o consumo de cafeína, ter uma dieta equilibrada, evitar alcoól e o tabaco, praticar yoga... ajuda a diminuir a ansiedade e, por conseguinte, a combater os sintomas da doença.
2- Aceitar as nossas emoções, e verbalizá-las - principalmente as emoções negativas (ódio, inveja, mágoa, culpa, frustração, medo.) Pois quando não nos expressamos, o nosso corpo encarrega-se de apresentar o seu próprio discurso, e nem sempre é o mais adequado...
3- Procurar acompanhamento psicológico (algumas das terapias recomendadas são: psicoterapia, terapia cognitivo-comportamental, hipnoterapia, e terapia de grupo) e psiquiátrico, podendo ser necessário a adesão medicamentosa. O acompanhamento irá ajudar a compreender melhor a sintomatologia da doença e a diminuir os seus sintomas; por outro lado a medicação ajuda a melhorar as alterações de humor, e a estabilizar o humor. 
 
    Em suma: Todos nós, em algum momento da nossa vida, somatizamos, em maior ou menor grau, no entanto quando essa somatização é constante, duradora, e interfere fortemente na nossa qualidade de vida, podemos estar perante um quadro de doença psicossomática. E aí é necessário procurar ajuda especializada para que seja feito um tratamento adequado.
 
    Espero que tenham gostado deste Domingo de Consultório! Que temas gostariam que falasse para a próxima semana? 
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#12DomingodeConsultório: O que é o transtorno de personalidade borderline?

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    Bom domingo a todos, espero-vos bem!  Hoje abrimos mais um Domingo de Consultório, desta vez com a participação da minha querida shy girl, a quem eu quero desde já agradecer!

 

Ela diz-me que as suas últimas consultas de psiquiatria "estão a ser mais relacionadas com Bordeline e gostava muito que pudesses falar sobre este tema num Domingo de Consultório." Ora, dito e feito!

 

    A meu ver, a perturbação estado-limite (ou borderline) de personalidade é muito confundida com a perturbação bipolar (que, caso queiram, posso falar noutro dia). No entanto, o transtorno borderline define-se pela grande instabilidade nos relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afetos. Os indivíduos que têm este tipo de transtorno têm tendência a desenvolver uma grande impulsividade na idade adulta, em pelo menos 2 dos seguintes domínios: abuso de substâncias, gastos financeiros, sexo, condução imprudente, ou ingestão alimentar compulsiva.

    Com um medo exagerado do abandono, as suas relações sociais tendem a alternar entre extremos de idealização e desvalorização ("Eu adoro-te..." a "Não vales nada, não me voltes a dirigir a palavra.".). É característico destes indivíduos terem uma grande instabilidade emocional, que varia entre episódios intensos de excitação, ansiedade, ou tristeza. Estes episódios duram apenas algumas horas. As pessoas com a perturbação borderline costumam também ter alguma dificuldade em controlar a sua raiva.

    Esta raiva leva muitas vezes a que, em casos extremos e nos seus episódios mais depressivos, elas tendam a recorrer, ou ameaçar recorrer, a comportamentos automutilantes. Por isso mesmo, se conhecem alguém que apresente - pelo menos - cinco dos sintomas que eu referi acima, é importante sublinhar que há cura para este tipo de transtornono entanto, é necessário ajuda psicológica, e frequentemente, psiquiátrica - especialmente quando ocorrem os episódios depressivos.

    É importante compreender que, muitas das pessoas com o transtorno de personalidade borderline, viveram em climas familiares instáveis em crianças, como a exposição a experiências traumáticas; histórico de abusos físicos, verbais, emocionais, ou sexuais; negligência por parte dos seus pais, etc.

   E por hoje é tudo, espero ter-vos sido útil! O que acharam deste Domingo de Consultório? Se virem que têm alguma questão que tenham para a próxima semana, não hesitem em deixar nos comentários as vossas questões 

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#11DomingodeConsultório: Vamos falar de...obsessões?

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    Quem nunca voltou atrás para ver se tinha fechado a porta de casa? Ou... quem daqui faz a sua rotina de manhã, segundo uma determinada sequência? Tudo isto são obsessões, tal como: rezar todas as noites; tendência para estar constantemente a limpar, organizar; verificar se algo ficou bem feito, ou por fazer...

    Apesar de ser relativamente comum os indivíduos possuírem pelo menos 1 tipo de obsessão, há que ter em conta quando esta(s) se tornam prejudiciais à sua saúde. Visto não ter havido perguntas para este domingo de Consultório, resolvi hoje, por isso, falar-vos do TOC (Transtorno Obsessivo-Compulsivo), que é uma perturbação tão atual e presente nos dias de hoje.

    A perturbação, tal como o próprio nome indica, é composta por obsessões, que são pensamentos recorrentes e persistentes que provocam mau-estar ao indivíduo; e pelas compulsões, que são comportamentos repetitivos que a pessoa se sente levada a realizar, em resposta à sua obsessão. Por sua vez, estes comportamentos são muitas vezes exagerados, e não estão relacionados de forma realista com o que o indivíduo pretende neutralizar. A pessoa sente-se obrigada a realizar este tipo de ações, pois só assim consegue diminuir a sua ansiedade. As compulsões podem-se relacionar com: limpeza, verificação e organização.

    No entanto, há que ter especial atenção, pois para um indivíduo ser diagnosticado com TOC, há que haver critérios rígidos a avaliar como: se as suas obsessões interferem na sua rotina diária e os impossibilita de fazer uma vida normal, e se estas consomem mais de uma hora por dia.

    O meu conselho a quem se revê ou, que conhece alguém, com este tipo de sintomatologia é levá-lo a um psicoterapeuta cognitivo-comportamental - pois são psicólogos especializados em tipos de patologia como este.

    Espero que tenham gostado do consultório de hoje! Se virem que vos posso ser útil em alguma questão que tenham para a semana, não hesitem em deixar nos comentários as vossas questões 

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Distúrbio de videojogos: uma doença mental?!

    Recentemente, a OMS reconheceu os 'Distúrbios de videojogos' como doença mental na Classificação Estatística Internacional de Doenças, e o caso parece dar dado "pano para mangas". 

    Segundo a Organização Mundial de Saúde, este distúrbio caracteriza-se como uma dependência do indivíduo em relação aos videojogos, que origina uma falta de controlo na sua vida (que progride ao longo de um período superior a 12 meses), tendo consequências negativas no seu quotidiano: falta de sono, irritabilidade, exclusão de outras actividades do dia-a-dia, etc. O psicólogo Pedro Hubert, coordenador do Instituto de Apoio ao Jogador diz, a este respeito, que “Há provas científicas de que o estímulo para jogar pode ser tão forte como a nicotina e outras drogas. Por cá, há cada vez mais pais preocupados por não saber como ajudar os filhos que se isolam, começam a falhar na escola e vivem para os videojogos". 

    No entanto, os investigadores recomendam ter atenção no diagnóstico deste tipo de patologia, visto que estes casos problemáticos afetam apenas uma minoria das pessoas que se dedicam a atividades de videojogos. É fundamental ter em conta o número de horas que o sujeito passa a jogar, especialmente quando este passa a ignorar outras atividades diárias, em detrimento do jogo.

    Na minha modesta opinião, parece-me que as pessoas podem estar a interpretar este termo de forma errada, pois o distúrbio é visto apenas como a dependência exagerada dos videojogos, que coloca em risco a saúde mental do indivíduo. O caso não pode, nem deve, ser generalizado. A classificação deste distúrbio não significa que toda a gente que jogue videojogos sofra de uma patologia, nem que seja errado jogar.

    Esta é a minha opinião, agora gostava de ouvir a vossa. O que vocês acham? Concordam com a classificação da OMS?

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Combater a ansiedade!

    Começa com as palpitações fortes. Vem a angústia no peito, a dificuldade em respirar. E pronto, dêem as boas vindas aos ataques de ansiedade. Seguidos, frequentemente, do choro e sentimentos de tristeza.

    Quando a minha psicóloga me disse que estava a passar por crises de ansiedade que estavam a afetar a minha vida pessoal, a forma como me sinto, e até o meu metabolismo, devo confessar que paniquei um bocadinho.

    Quando disse que se continuasse a este ritmo podia chegar a um esgotamento nervoso, senti-me parada no tempo a ver a minha vidinha a andar para trás. Foi como um "despertar" súbito, duro e frio, para a realidade. E doeu.

    Sabia obviamente que estava mais nervosa do que habitualmente, mais sensível. Agora, parece que levo tudo muito a peito, e a qualquer coisa que sinta como ataque pessoal, desato a chorar (o que não é muito normal...). Tenho dificuldades em adormecer, acordo muitas vezes e sinto que não descanso, e durante o dia parece que entro em 'piloto-automático'. Mas pensava, muito sinceramente, que isto fazia parte do meu cansaço à rotina, e apenas isso.

    Na minha última consulta de psicologia apercebi-me que isto é sério, e que tenho que fazer alguma coisa para mudar. É engraçado quando passas os teus dias a dizer aos outros como melhorar a sua saúde mental, e quando chega a tua vez nem te dás conta que também precisas de melhorar a tua. Quase irónico, até.

    Por isso, a minha psicóloga deu-me 'trabalhos de casa': treinar a respiração diagrafmática (pois pelos vistos a minha respiração está péssima); identificar pensamentos negativos que tenha e corrigi-los (pois muitas vezes estes pensamentos não passam de crenças errada, que não correspondem à verdade, como por ex: "no trabalho, vão me achar incompetente se não fizer isto e isto...") e treinar a minha assertividade (saber dizer que não aos outros quando é necessário, e pensar mais em mim). Parece fácil, não é? Desejam-me sorte... 

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