Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

umacartaforadobaralho

"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

#36DomingodeConsultório: Como escolher o psicólogo mais adequado?

psicopato dormir.png

 
    Bom Domingo a todos! Parece que este dia tem durado, e durado, não é? Quem diria que ainda estamos no fim-de-semana... Se calhar ninguém, porque não estamos! 
    A verdade é que ontem não saiu Consultório, porque me foi impossível, então resolvi fazer hoje.
    E como convidada de hoje temos a nossa (doce) Sweet; que coloca a seguinte questão: 
 
"Podias fazer um post sobre encontrar o profissional certo para cada pessoa e como escolher o psicólogo que mais se adequa? É que eu acho que muitas pessoas ficam no primeiro psicólogo que lhes aparece, mesmo que não estejam a melhorar, porque têm medo de não encontrar melhor."
 
    Ora, não tanto posso, como aqui está ele! Essa é uma pergunta um pouco tricky, porque acredito que muitas vezes seja uma questão de nos identificarmos, ou não, com a personalidade do psicólogo (e haver o tal 'match', que vos falei em tempos).
    No entanto, existem vários tipos de profissionais de psicologia, cada um com a sua vertente clínica, que vão ditar a forma como o profissional atua, e faz as suas interpretações.
 
    São algumas dessas abordagens...
  • A cognitivo-comportamental (uma das mais frequentes): Nestas consultas, o psicólogo tem um papel mais activo, e pretende ensinar ao paciente formas mais adequadas de viver a sua vida; identificar e avaliar pensamentos da pessoa, e como estes podem interferir no seu comportamento. Por isso são mais intervenientes nas sessões, e dão técnicas específicas para utilizar no dia-a-dia. Mais utilizada em casos de: depressão, transtornos de ansiedade, de pânico, obsessivo-compulsivo, fobias, etc.
  • A sistémica: Os psicólogos que seguem esta vertente, estudam o indivíduo dentro dos seus relacionamentos (familiares, de casal, etc), e a sua forma de comunicar. E por isso a sua abordagem incide não só na pessoa que tem à sua frente, mas também nos seus contextos de vida. Frequentemente utilizada em terapia familiar.
  • A existencial: Nesta abordagem não se tem em conta os sintomas nem a doença do paciente, mas apenas a relação que existe entre este e o terapeuta - é a mais filosófica. Aqui, o objetivo da intervenção é levar a pessoa a procurar um significado para a sua existência.
  • A dinâmica: Segundo este tipo de intervenção, o nosso comportamento é determinado por processos mentais inconscientes, construídos durante a infância. São, por isso, psicólogos mais focados em explorar o passado da pessoa, menos intervenientes, e que dão por isso mais espaço à pessoa, para falar. Útil para tratar casos de depressões profundas, traumas de infância, etc.
  • Psicanálise: Seguem o mesmo tipo de abordagem da vertente dinâmica, no entanto a intervenção é feita no divã, e é mais demorada (um tratamento pode demorar anos!). E são utilizadas técnicas como a associação livre de ideias, a interpretação de sonhos, etc. 
  • Etc. (existem muitas mais, mas estas são algumas das mais frequentes)

 

    Espero ter-vos sido útil, e tenham uma óptima semana! 

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.

#33DomingodeConsultório: A depressão e o risco de suicídio

 

    Ultimamente têm sido vários os casos de suicídio, relacionados com a perturbação depressiva major, que tenho visto na televisão. E os números são claramente assustadores, mas mais preocupante ainda é a falta de prevenção que há nesta área com pessoas que estão em risco!

    Por isso mesmo, hoje resolvi-vos falar da depressão e do risco de suicídio, para não só vos alertar de alguns dos sinais mais frequentes, como também medidas que possam tomar quando estiverem perante um caso deste tipo.

Sintomatologia do transtorno depressivo major:

  • Tristeza e ansiedade permanente, na maioria dos dias;
  • Sentimento de inutilidade, ou excesso de culpa;
  • Fadiga e/ou cansaço extremo;
  • Perda de interesse nas atividades quotidianas;
  • Dificuldades de concentração, memória e na tomada de decisões;
  • Alterações no apetite;
  • Insónias ou hipersónia (dormir demasiado);
  • Pensamentos e tentativas suicidas, etc.

 

    Os sintomas manifestam-se de forma diferente, de pessoa para pessoa, bem como a sua duração. No entanto, em casos extremos, podem levar a situações muito graves.

 

Tratamento e prevenção de suicídio

  1. Primeiramente, deve-se procurar avaliação psicológica/psiquiátrica. Se conhecem alguém que tem experienciado este tipo de sintomas ultimamente, aconselho vivamente o reencaminhamento psicológico, ou psiquiátrico. Nesta avaliação, é tida em conta a natureza da sintomatologia do paciente e os seus episódios depressivos passados, de forma a criar um modelo próprio para o tratamento.
  2. Posteriormente, este tratamento pode ser feito por medicação... (que vai ajudar a reduzir os sintomas)
  3. ... e/ou por psicoterapia/ acompanhamento psicológico (que ajuda a lidar com os pensamentos e emoções negativas, e transformá-los de forma a serem mais produtivos.)
  4. Deve-se também promover mudanças no estilo de vida. Para além do referido acima, deve-se promover: uma dieta rica em nutrientes,exercício físico, atividades fora de casa, encontros com amigos e/ou familiares, etc.
  5. Não esquecer a importância do suporte emocional. Devemos encorajar a pessoa com perturbação depressiva a procurar o tratamento mais indicado, mas também mostrar compreensão, paciência e afecto. Não desvalorizar observações referentes ao suicídio, incentivar a sair, oferecer escuta ativa e promover esperança no tratamento são outras formas de lidar com pessoas com este diagnóstico.

    Por último, se conhecerem alguém com pensamentos suicidas recorrentes, contactem por favor a linha de apoio à prevenção de suicídio SOS Voz Amiga para que vos possa ajudar: 21 354 45 45, 91 280 26 69 e 96 352 46 60.

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.

#31DomingodeConsultório: Como desligar do stress, nas férias?!

descanso.png

 

    Só quando começamos a trabalhar é que começamos a dar mais valor aos dias que temos de férias, e em como podemos aproveitá-los o melhor possível.

    Contudo, nem sempre conseguimos aproveitar estes dias da melhor maneira porque temos ainda alguma dificuldade em "desligarmo-nos" do stress do trabalho (não sei se isso costuma acontecer convosco, mas comigo acontece de certeza... ) Por isso mesmo, no Domingo de Consultório de hoje resolvi dar-vos algumas dicas para vos ajudar a 'desligar a ficha' nas vossas férias, e tentar tirar o melhor partido delas possível:

  1. Resolver antecipadamente problemas pendentes. Tente resolver tudo o que diga respeito a problemas pendentes a nível profissional, pessoal, familiar..., que estejam a ser alvo de grande preocupação. É fundamental soluccionar questões que lhe estejam a tirar o sono, de modo a conseguir relaxar a 100% nas suas (merecidas) férias.
  2. Não colocar demasiada pressão no planear das férias. O objetivo é desacelarar o ritmo de trabalho, e ter o descanso merecido, por isso não se culpe se o planeamento das férias não tenha corrido como esperado. É fundamental para o nosso equilíbrio mental que hajam dias onde simplesmente fiquemos em casa a descansar, ler, ver televisão, etc. Não há mal nenhum em ter dias menos produtivos durante as férias, por isso deixe-se levar. 

  3. Sair da rotina! Apesar disso, é importante sair da rotina do dia-a-dia e introduzir o factor novidade. Seja este: viajar para um sítio novo, experimentar uma comida diferente, fazer uma atividade nova... Estas mudanças melhoram não só a nossa qualidade de vida e bem-estar, como ajudam a diminuir o stress e tensão acumulados do trabalho.
  4. Evitar atender telefonemas e responder a e-mails de trabalho. Neste caso, é preferível colocar o aviso de ausência no seu email, ou, no caso de telefonema, esperar que lhe enviem um SMS. Se não for algo urgente, e passível de esperar, dê uma resposta assim que regressar ao trabalho. Atender telefonemas e responder a e-mails do trabalho sistematicamente está associado, a longo prazo, a consequências como: alterações de humor, irritabilidade, dores de cabeça constantes, etc.

  5. Tente manter um bom ritmo de sono. Apesar de estarmos nas férias, é importante que tente deitar-se e acordar aproximadamente à mesma hora, todos os dias, para que o seu corpo se habitue que a cama serve para dormir, e não para estar às voltas nas suas preocupações. Para além disso, há vários exercícios de relaxamento que pode fazer antes de se ir deitar, de forma a descomprimir a energia negativa acumulada durante a altura do trabalho.

     

    E por hoje é tudo! Espero que tenham gostado deste Domingo de Consultório!

    O consultório agora volta a abrir em Setembro. Que temas gostariam que falasse nessa altura? 

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.

#30DomingodeConsultório: "Tenho pânico de estar em multidões"

wally.png

 

    Bom Domingo a todos! E que saudades que eu tinha destes Domingo de Consultório... 

    Hoje voltei com uma temática que uma subscritora me falou há dias, que é o pânico de estar em zonas com muita gente, barulho, filas, etc. O medo de estar em multidões tem várias denominações, no entanto aquele mais utilizado é a Agorafobia

    Indivíduos com agorafobia têm frequentemente pensamentos de que pode ser difícil escaparem de um determinado lugar, ou de que no caso de desenvolverem sintomas de pânico, podem não receber ajuda imediata. Por isso, começam a desenvolver sintomas de ansiedade (ritmo cardíaco acelerado, suores frios, tremores...), sendo esta muitas vezes seguida de ataques de pânico.

 

TRATAMENTO

    Felizmente, a agorafobia vem por fases, sendo que o seu tratamento pode nem precisar de acompanhamento psicológico. Para isso, deve-se...

 

1. Identificar pensamentos irracionais vindos deste medo, e questionar a sua veracidade.  Por exemplo, um pensamento muito frequente de pessoas com agorafobia é 'Da última vez que estive num sítio com muita gente tive uma ataque de pânico; agora estou num sítio com muita gente, por isso também vou ter'.

    Por isso, deve-se questionar 'Até que ponto este pensamento é válido? Que provas tenho que ele é verdadeiro? E que provas tenho que ele é falso? É útil para mim pensar desta forma?', e levar a reestruturar o nosso pensamento: "Lá porque da última vez que estive num sítio com muita gente tive um ataque de pânico, não significa que desta vez terei. Também houve imensas vezes que estive em locais muito frequentados, e correu tudo bem".

 

2. Expôr-se gradualmente à situação desencadeadora, até passar o medo.  Uma estratégia muito usada é fazer uma escala de 10 metas, onde a exposição à situação é gradual, e a pessoa controla a sua duração e frequência (por exemplo, na 1ª meta a pessoa vai acompanhada a um sítio com algumas pessoas, e fica lá durante meia-hora; e na 10ª meta, a pessoa consegue ir sozinha, a um sítio muito frequentado - um centro comercial, festival, etc. -, e passar lá várias horas).

 

3. Praticar técnicas de meditação regularmente.  A exposição a situações que consideramos ameaçadoras pode induzir-nos altos níveis de stress e ansiedade. Daí surge a necessidade da meditação e técnicas de respiração profunda (podem pesquisar termos técnicos na internet como 'respiração diafragmática' e 'treino de relaxamento', há vários vídeos no youtube que demonstram como o fazer).

    Muito importante: Tal como o próprio nome indica, estas técnicas requerem muito treino, e tempo! É normal que nas primeiras 3, ou 4 vezes não sintam grandes alterações no vosso estado de espírito. Para que o treino de relaxamento seja eficaz, há que manter uma prática regular e sistemática. Em compensação, quando estes hábitos de respiração e relaxamento são bem adquiridos, observa-se uma diminuição acentuada dos níveis de ansiedade e de ataques de pânico, e uma maior facilidade em enfrentar futuros medos.

 

    No entanto, se este pânico se tornar problemático e começar a interferir na vossa qualidade de vida, aconselho-vos a procurarem ajuda psicológica. A terapia cognitivo-comportamental costuma ser a mais indicada para estes casos, pois dá técnicas (nomeadamente a dessensibilização sistemática), que ajuda a lidar com o medo, a alterar e controlar os nossos pensamentos disfuncionais, e a modificar o nosso comportamento.

 

    Espero que tenham gostado deste Domingo de Consultório! Que temas gostariam que falasse para a próxima semana? 

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.

#25DomingodeConsultório: Serei demasiado independente para ter uma relação?

indepente.png

 

    Olá, espero-vos bem! Hoje trago-vos uma questão de uma querida leitora, que me enviou o seguinte:

 

"Tenho uma pessoa que diz gostar muito de mim mas eu não consigo corresponder. Já tentei mas gosto de ter a minha independência, ou seja, gosto de estar com ele de vez em quando e por outro lado gosto de estar sozinha."

 

    Aquilo que entendo da questão é: gostas muito da tua independência, mas tens medo de a perder num relacionamento amoroso, é isso? Se é esse o caso, posso te dar algumas dicas para tentar ultrapassar esse 'medo'.

 

PODE HAVER VÁRIOS MOTIVOS PARA TE SENTIRES ASSIM:

  • Ele não ser "o tal" - que te faz borboletas no estômago. Como dizes "Tenho uma pessoa que diz gostar muito de mim, mas eu não consigo corresponder", talvez porque simplesmente não o sintas de volta, e não porque tens medo de perder a tua independência. Ou porque o que sentes por ele não é o suficiente para quereres assumir uma relação.
  • Tens uma forma de te relacionares mais individualista. Há pessoas que desde muito cedo se tornaram independentes, e por isso habituaram-se à realidade de estarem sós. E o facto de, de repente, aparecer uma pessoa a querer passar o tempo todo com ela, a querer partilhar a mesma casa, e até casar... pode assustar este tipo de indivíduos mais individualistas, e fazê-lo pensar que irá perder a sua liberdade.
  • Tens medo do compromisso. Inconscientemente, podes estar a associar um relacionamento amoroso a uma relação de dependência (com pensamentos como: "Ter um namorado é ter que estar sempre com ele" ou "É ter alguém que me diz o que tenho de fazer..."). Estes pensamentos irracionais podem estar associados a relacionamentos passados que tiveste e que foram controladores, e que sentiste que te estavas a perder: aos teus valores, e sentimentos. Como isso já te aconteceu no passado, podes ter medo que te aconteça novamente. 

 

COMO ULTRAPASSAR ESTE MEDO?

    1. Sermos honestos connosco (e com o parceiro). Se arranjarmos tempo para refletir o que é que queremos, e o que é que nos assusta/preocupa numa relação, vai ser mais fácil entender o que está por detrás desses 'medos'. Qual é o motivo, daqueles referidos acima? É importante perceber que devemos fazer a escolha de estar com alguém com base daquilo que nós temos a oferecer, em vez daquilo que esperamos receber. Ao estarmos numa relação com o objetivo de entender o que é que o outro pode fazer por nós, cria-nos expetativas falhadas e desilusões; devemos antes partir de uma relação em que haja interesse genuíno em ambas as partes.

    2. Estabelecer os "limites" da relação. Depois disso, é fundamental colocarmos os nossos parceiros a par dos nossos limites (físicos, e emocionais): O meu nível de proximidade física contigo é...; O tipo de toque que me deixa confortável numa relação é...; As minhas necessidades emocionais são...; Numa relação, estou disposto a permitir do outro...; As minhas crenças e valores são..., etc. Há que lembrar que o objetivo de um relacionamento não é atender às necessidades da outra pessoa, mas sim estar disposto a respeitá-las.

    3. Arranjar tempo para nós. Como dizes e bem, as pessoas independentes apreciam muito o tempo que passam sozinhas. Não só gostam desse tempo, como precisam! E numa relação, isso não muda. E daí a importância do futuro parceiro respeitar isso. Pedir ao nosso parceiro um tempo para estarmos sozinhos, ou até agendá-lo com antecedência vai ser o ponto-chave numa relação com um indivíduo independente.

 

    É importante relembrar que a única pessoa realmente capaz de nos tirar a nossa independência somos nós próprios, por mais "lamechas" que possa parecer. Estar numa relação não implica deixarmos de ter a nossa independência, e devemos antes encará-la como um plus à nossa vida - que nos complementa algo, e não que nos retira.

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.

#22DomingodeConsultório: Como acabar com um mau hábito?

 

    Bom Domingo a todos!  Com a entrada num novo ano vêm as resoluções, e as promessas de iniciar novos hábitos... e de acabar com alguns deles. Por isso hoje vim-vos falar de maus hábitos nossos, e de como acabar com eles da melhor maneira.

    Um hábito define-se como um comportamento que é repetido tantas vezes por nós, que por fim o fazemos sem darmos conta. Por isso mesmo, o primeiro passo para mudar-mos maus hábitos é termos noção de que eles fazem parte da nossa personalidade, e logo, somos nós os responsáveis por mudá-la.

 

1 - Avaliar qual a importância, para nós, de acabar com o mau hábito. Há que perceber o quão prejudicial este hábito é para nós, e o grau de satisfação que temos, quando ponderamos acabar com ele. Isto vai-nos permitir ver se o nosso impulso para a mudança é forte o suficiente, ou fraco (se for fraco, não será possível mudar).

2- Ser realista. Há hábitos que já estão incutidos em nós desde crianças, e por isso se tornam mais difíceis de mudar. Mas isso não significa que seja impossível, apenas terá que haver um grau de compromisso, e esforço, do indivíduo muito maior. O problema muitas vezes é não estarmos dispostos a fazer esse esforço, e por isso a importância de avaliar a nossa motivação em primeiro lugar.

3 - Mudar pensamentos. Há que ter consciência plena que para mudarmos um mau hábito, é necessário mudar a nossa forma de pensar, sentir e agir. Primeiro, temos que definir bem os pensamentos que nos levam à ação de mudar (pensar), e perceber o que sentimos ao ter este tipo de pensamentos (sentir), pois só assim teremos motivação para mudar (agir).

4 - Ver o processo de mudança por etapas. Por exemplo, se o mau hábito for "Deixar de comer doces, açúcar e fast-food" seria irrealista abdicar de toda a comida menos saudável de um momento para o outro. Uma melhor opção seria reduzir os dias da semana a que consumimos um determinado alimento (por exemplo, nas segundas-feiras não consumo doces), e a partir daí começar a reduzir gradualmente a sua ingestão.

5 - Estar preparado para eventuais recaídas. O nosso corpo pode causar algum desconforto inicial ao inibirmos certos hábitos. Há todo um habituar a novas rotinas e comportamentos que tem de ser consolidado. Há que ter em conta os nossos limites e fraquezas, e não colocar expetativas irrealistas demasiado cedo (pois vai-nos levar a desistir). Sendo que uma pessoa demora pelo menos 1 mês a consolidar um novo comportamento, devemo-nos focar antes nos pequenos sucessos, e encarar as recaídas como algo natural, que faz parte, e criar soluções.

 

    O que acharam deste Domingo de Consultório? Quais são as vossas resoluções para 2019? 

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.

#21DomingodeConsultório: Não gosto do Natal

Natal.png

 

    Não, as pessoas que não gostam do Natal não sofrem de uma perturbação psicológica.  Contudo, resolvi abordar este tema por aqui visto ter lido alguns bloggers a dizerem que não gostam particularmente da época natalícia, e por isso achei que seria um óptimo tema para explorar no meu Consultório.

    O Natal traz consigo uma pressão (escondida) muito grande, que muitos de nós não conseguimos dar conta. Não me refiro apenas à pressão de comprar presentes para os amigos e familiares, - no qual a "solidariedadezinha" pode ser vista como obrigação para alguns; mas também à "pressão" da família unida, do amor entre todos, de uma noite bem acompanhada, - o que, como sabemos, nem sempre é possível. E quando a pressão se torna demasiado grande, faz-nos elevar as nossas próprias expetativas. E por sua vez, quando temos altas expetativas para o dia de Natal e ele acaba por não corresponder ao que tínhamos idealizado, ficamos tristes, e até, muitas vezes, deprimidos.

    Para além disto, há ainda a questão da religião, pois nem toda a gente comemora o Natal. Vou vos contar o caso da minha mãe. A minha mãe é professora primária, e todos os anos faz a árvore de Natal na turma dela, e dá aos miúdos a oportunidade de enfeitarem a árvore à sua vontade. Este ano teve, na turma, um rapaz cuja família não era católica e por isso não comemorava o Natal, então o rapaz não tinha autorização para decorar a árvore. O miúdo chorou o resto da aula porque sentiu-se de parte em relação aos outros. Este é apenas um exemplo das "pressões" que, inconscientemente, a época natalícia traz à tona.

    Como podemos ver, há várias razões para as pessoas poderem não gostar do Natal, mas sejam elas quais forem, deixo-vos aqui as minhas dicas caso sejam uma dessas pessoas:

 

  1. Aceitem aquilo que sentem. Ninguém é obrigado a gostar de tudo, bem como não somos obrigados a sentirmo-nos bem a toda a hora. Somos seres humanos, temos gostos e sentimentos diferentes, e cada um de nós é único. Não tem importância se não gostamos do Natal, desde que consigamos perceber o que é que não gostamos nele.
  2. Falem com quem realmente amam sobre o que sentem no Natal, e sugiram alternativas diferentes para passar este dia. Não deixem de comunicar sobre aquilo que não gostam. Podemos não gostar do Natal por aquilo que ele representa, mas se analisarmos com clareza, o Natal é apenas mais um dia do ano. Experimentem sugerir novas formas de passá-lo com os vossos amigos, familiares, pais, irmãos... para que a experiência se torne o mais agradável possível.
  3. Não sobrevalorizem este dia. Como já disse acima, a própria época natalícia já pode ser suficientemente desgastante por si, e por isso não vale a pena colocar-mos mais pressão em cima dela. Seja por nos relembrar de um acontecimento menos positivo da nossa vida, por nos sentirmos mais sozinhos, ou mais "sem dinheiro" para todo o consumismo que esta época implica, o Natal é um dia como todos os outros. E tão depressa vem, como vai. Por isso, façam algo fora da rotina, inovem e tentem aproveitá-lo da melhor maneira que conseguirem. 

Umas óptimas festas para todos! 

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.

#20DomingodeConsultório: A Psicologia faz match entre as pessoas?

    Bom domingo a todos! Baseado num comentário que recebi ontem no post que fiz sobre a Eliana dos Casados, hoje resolvi falar-vos um bocadinho sobre testes psicológicos, e de como é feito esta "compatibilidade" entre os casais.

    A verdade é que na psicologia não existem testes psicológicos para avaliar a compatibilidade entre duas pessoas! Aliás, a própria Ordem dos Psicólogos Portugueses, considera este "matching" de pessoas "uma aldrabice". Existem sim testes para avaliar o tipo de personalidade e temperamento da pessoa, que avaliam traços de personalidade como a extroversão, a vertente emocional, o espírito de aventura, etc.; podendo-se daí observar características comuns que as pessoas apresentam entre si.

    O que deduzo que aconteça no caso dos "Casados à primeira vista" é que os especialistas, com a informação que recolhem destes testes, definem um potencial de comportamento  da forma como acham que as pessoas se vão comportar na experiência, e com base nisso falam na suposta compatibilidade/ "matches".

    A meu ver, parece-me que uniram casais com personalidades muito díspares, com o objetivo de cada um conseguir encontrar um 'equilíbrio' saudável, que desse espaço para crescerem os dois enquanto pessoas.
    Por exemplo, no caso da Eliana - e visto a sua grande carência emocional - procuraram uma pessoa que lhe desse a atenção e o amor que precisa; por outro lado, deram ao Dave uma pessoa com mais disciplina e organização - que por sua vez tende a faltar na sua personalidade visto ter um temperamento mais calmo e descontraído.

    O mesmo acontece no caso da Ana (considerada um "espírito livre") e do Hugo (com um carácter mais dependente e possessivo); da Graça (com uma personalidade mais liberal) e do José Luís (com um temperamento mais conservador), etc.

    O problema é que, ao seguirem este critério para juntar os casais, têm apenas em conta o seu perfil de personalidade; e esquecem-se que na prática nem tudo funciona assim tão bem, os comportamentos das pessoas são tudo menos previsíveis, e nem sempre "os opostos atraem-se" tal como diz o ditado...  

    Qual é a vossa opinião? O que acham dos critérios para fazer "match"?

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.

#19DomingodeConsultório: Tenho depressão...

 

    Num dos últimos domingos de Consultório falei-vos de pessoas negativas, e de como lidar com elas da melhor maneira. Nesse post, o Nuno deu-me uma óptima ideia para um próximo tema "Como pode alguém que está nessa espiral negativa deixar de ser uma pessoa negativa?"

    Visto grande parte das pessoas negativas estarem, elas próprias, com uma sintomatologia depressiva, resolvi por isso hoje falar-vos da depressão.

 

    Existem vários estados da depressão, sendo uns mais graves que outros. De forma geral, a depressão define-se por uma perturbação psicológica que causa profunda tristeza e sensações de "vazio" durante um grande período de tempo, pessimismo, diminuição do prazer nas atividades quotidianas, insónias, perda de energia, dificuldades de concentração, grande agitação, e até ideias de morte e suicídio frequentes.

 

Como sair da Depressão?

 

  1. Procurar acompanhamento psicológico/psiquiátrico. Em primeiro lugar, se conhecem alguém que tem experienciado, ou se têm tido este tipo de sintomas ultimamente, aconselho vivamente o reencaminhamento psicológico, ou psiquiátrico (nos casos de depressão grave, a toma de medicamentos é fundamental para que a intervenção seja eficaz).
  2. Aceitar quem somos, e o que sentimos. Substituir a ideia de "Eu sou uma pessoa depressiva" por "Eu sou uma pessoa, que calha a ter depressão. A depressão não faz de mim quem eu sou." Aceitar que os nossos sentimentos são válidos, e que se temos um dia menos bom, é normal termos sentimentos mais negativos. No entanto, temos de tomar estas emoções como passageiras, e que tão depressa vêem como vão (as emoções de hoje não pertencem ao amanhã).
  3. Registar as mudanças de humor. Manter um diário ou mesmo um blog onde falamos sobre o que sentimos (o que correu bem/ e o que correu menos bem no dia de hoje, por ex) vai ajudar-nos a ter a perspetiva de que as nossas emoções não são permanentes, tal como o nosso estado depressivo não é.
  4. Manter boas relações sociais. É fundamental rodearmo-nos de pessoas positivas (amigos, familiares...), com quem possamos desabafar e passar bons momentos.
  5. Definir (pequenos) objetivos e recompensarmo-nos. A depressão leva-nos muitas vezes a sentir desmotivados e com a sensação de não termos feito nada durante o dia, definir pequenos objetivos é por isso fundamental para nos sentirmos melhor. Coisas como "fazer o almoço" ou "mudar os lençóis da cama" são exemplos de objetivos diários que nos podemos comprometer a fazer.
  6. Criar rotinas. Para além disso, esta doença tende a desorganizar completamente os nossos dias, visto que eles passam a ser todos iguais uns aos outros. Criar hábitos de rotinas pode facilitar a sair da "espiral negativa" (ex: às 9h vou acordar e tomar o pequeno-almoço, às 10h vou fazer exercício, às 11h aproveito para dar um passeio de meia-hora antes do almoço...)
  7. Ter comportamentos saudáveis. Desafiarmo-nos a ter e desenvolver hábitos saudáveis é fundamental para lidar com a depressão: fazer uma alimentação saudável, praticar exercício físico, dormir pelo menos 8h/noite, praticar meditação, sair de casa, visitar um museu, aprender uma língua,etc.
  8. Responsabilizarmo-nos. Manter um estilo de vida com alguma responsabilidade pode ajudar a combater a depressão. Seja a nossa preocupação com a nossa prestação na escola, no trabalho ou até o facto de fazer voluntariado, traz-nos grandes sentimentos de realização.
  9. Reconhecer a "voz negativa" e desafiar pensamentos negativos. Muito do "trabalho" para combater a depressão tem a ver com os nossos pensamentos e a forma como encaramos a vida. A próxima vez que sentirmos chegar uma crença mais negativa sobre nós, - por ex: ninguém gosta de mim, estou sozinho/a -, devemos tentar desafiar aquilo que estamos a pensar, e reestruturar o nosso pensamento: Será mesmo verdade aquilo que penso? Que evidências eu tenho para pensar desta forma? Não será este mais um pensamento causado pela depressão?
  10. Experimentar algo novo. Está cientificamente comprovado que ao experimentarmos algo novo (fazer uma receita nova, ler um livro, passearmos a um lugar desconhecido) aumenta a dopamina no cérebro, químico que é responsável pela libertação de prazer e alegria. 

    Por último, se conhecerem alguém que tem pensamentos suicidas recorrentes, contactem por favor a linha de apoio à prevenção de suicídio SOS Voz Amiga para que vos possam ajudar: 21 354 45 45, 91 280 26 69 e 96 352 46 60.

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.

#18DomingodeConsultório: Dificuldade em mudar, eu?

mudança.png

 

    Bom domingo a todos, espero-vos bem! Como passou este fim-de-semana? Na mesma, ou houve mudança de planos? É que nem de propósito, esse é o tema do consutório de hoje!

    Hoje quero agradecer ao Rapaz Secreto, que me propôs o seguinte: "julgo que abordar a dificuldade e resistência face às mudanças pode ser interessante!"

 

Porque temos medo de mudar?

  • Não sabemos o que nos reserva o futuro. A incerteza dá connosco em DOIDOS!
  • Temos medo de falhar. Quando nos tornamos demasiado perfeccionistas, o nosso medo de falhar e de algo correr menos bem leva-nos a evitar mudanças, de todo.
  • Temos dificuldade em seguir em frente (e temos uma visão negativa acerca da realidade). Quando algo corre menos bem, seja uma relação complicada, ou um trabalho mais tóxico, temos dificuldade em nos libertar desses momentos.

 

Como nos adaptarmos à mudança?

  1. Aceitar o passado. Quando aceitarmos que tudo tem um final, - e que esse fim, permite-nos iniciar um novo capítulo das nossas vidas, - conseguimos finalmente viver em paz. O final de uma fase da nossa vida não é algo obrigatoriamente mau, mas antes algo necessário para vir algo novo, e para nos dar espaço a novas experiências.
  2. Tomar consciência das nossas escolhas. Em vez de direccionarmos a nossa atenção para as nossas (falsas) expetativas que vêem com esta mudança, devemos antes focarmo-nos naquilo que conseguimos controlar.
  3. Aceitar que somos imperfeitos. Este é um passo dificílimo. Nem sempre iremos ter sucesso na vida, e não há problema, basta começarmos de novo! Devemos aceitar que errar é natural, e que vamos ter muito mais oportunidades para que as coisas corram melhor. Devemos também aceitar a imperfeição dos outros, e compreender que não podemos controlá-los.
  4. Praticar a mudança. Não diz o ditado "A prática leva à perfeição?!". Porque não começar a fazer pequenas mudanças no nosso dia-a-dia, que metam em causa a nossa zona de conforto? Inscrevermo-nos num hobbie que não é a nossa praia, irmos passear a sítios novos, conhecer gente nova...
  5. Evitar antecipações. Nós tememos aquilo que desconhecemos, contudo, grande parte das surpresas da vida tornam-se óptimas recordações. É irrealista pensarmos que conseguiremos controlar todos os aspetos da nossa vida. Se preocuparmo-nos em estarmos felizes no presente, não teremos espaço para ter medo de nada. 

 

(Relembro que, se estão a gostar dos Consultórios cá do blog, e gostariam de ver mais, seria muito importante que me apoiassem e votassem aqui na Carta, na secção Saúde, AQUI! Obrigada! ♥)

 

Sigam-me no Instagram @umacartaforadobaralho e no Twitter @umacartafora.