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"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

#38DomingodeConsultório: O Natal afecta a nossa saúde mental?

 

   Se, por um lado, está comprovado que o Natal é uma época geradora de maior stress e ansiedade, também há estudos que associam esta altura do ano a um maior número de comportamentos solidários, e caridosos.

   Segundo a literatura, o stress natalício surge muitas vezes com a pressão para comprar prendas, a preocupação com os gastos, e a falta de tempo. Esses factores tendem a causar bastante frustração e ansiedade de modo geral, podendo causar um desgaste emocional muito grande em algumas pessoas.

   Para combater estas emoções negativas, devemos planear objetivos (e presentes) realistas, fazer uma boa gestão do nosso tempo, e aproveitar esta altura para renovar as nossas ligações familiares, e/ou de amizade.

   Por outro lado, o Natal é tipicamente uma época de bondade e solidariedade, onde se observam mais comportamentos de amor para com o outro. E são vários os estudos que comprovam que a prática destes comportamentos promove não só o equilíbrio psicológico, como o físico (melhorando o nosso sistema imunitário). 

  Por isso, aproveitem esta altura do ano (e não só!!) para desenvolverem competências como a solidariedade, o perdão, a generosidade e a benovolência; pois estão não só a trabalhar na vossa saúde, como a contribuir para um mundo mais feliz 

  Espero que tenham gostado deste Domingo de Consultório! Há algum tema que gostariam que falasse para a próxima semana?

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#37DomingodeConsultório: O que é isto do Mindfulness? E como me pode ajudar?

 

    Iniciei, há pouco tempo, um curso de mindfulness. Já há algum tempo que tinha curiosidade em aprofundar mais este tema, e agora que tive essa oportunidade no estágio em que estou, decidi aproveitar.
 
O que é o Mindfulness?
 
    O Mindfulness (ou técnica da atenção plena) é uma técnica de meditação que permite prestar atenção ao momento presente, com disponibilidade, curiosidade e sem julgamentos. As meditações são feitas através da consciência corporal (semelhante ao yoga), onde se pretende estudar a forma como o nosso corpo lida (e resolve) o stress.
    O Mindfulness não se trata de uma cura, ou tratamento, para quadros clínicos e médicos; no entanto ele é utilizado como um complemento, pois tem um efeito significativo em indivíduos com ansiedade, depressão, dor crónica, enxaquecas, etc.
 
Que benefícios traz?
 
    Através deste curso consegui-me aperceber que o Mindfulness traz não só benefícios para a nossa saúde mental (diminuição da ansiedade, redução do stress, aumento da capacidade de empatia, etc.) como também para a nossa saúde física (diminuição da pressão arterial, sono repousado, melhoria da função imunológica, etc.)
 
Como se faz?
 
    Os especialistas de Mindfulness recomendam uma prática diária de meditação de 30 min. Há várias meditações utilizadas: o Scanner Corporal, o Yoga Consciente, a Meditação em silêncio, entre outros. A par disso, a prática do Mindfulness também pode ser feita enquanto estamos a realizar uma tarefa de rotina diária (como almoçar, conduzir, arrumar a casa, etc.). O objetivo aqui é trazer a atenção plena e consciente para aquele momento presente, reparando texturas, sabores, cheiros, sons…
 
Como posso praticar?
 
    O Mindfulness pode ser praticado com a ajuda de um técnico especializado, ou sozinho (apesar de poder ser um pouco mais difícil, neste caso, manter o foco). Caso queiram aventurar-se nesta prática, podem consultar neste site vários áudios guiados de meditações, de forma gratuita. Eu utilizo estes áudios para me guiar nas minhas práticas, e tendo já uma semana de experiência nisto posso-vos dizer uma coisa: Esta é uma experiência super relaxante e apaziguadora. Ao fim deste tempo sinto-me já mais calma, menos stressada e preocupada com as coisas à minha volta. Traz-me uma tranquilidade que não consigo explicar de onde vem...
 
    Recomendo-vos bastante! Para finalizar o post de hoje gostava de vos deixar uma frase que ouvi, algures durante o curso, sobre o que é o Mindfulness, e de que gostei muito:
 
 
"Podes não saber parar as ondas, mas podes aprender a surfar” - Jon Kabat-Zinn (considerado o criador do Mindfulness)
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#36DomingodeConsultório: Como escolher o psicólogo mais adequado?

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    Bom Domingo a todos! Parece que este dia tem durado, e durado, não é? Quem diria que ainda estamos no fim-de-semana... Se calhar ninguém, porque não estamos! 
    A verdade é que ontem não saiu Consultório, porque me foi impossível, então resolvi fazer hoje.
    E como convidada de hoje temos a nossa (doce) Sweet; que coloca a seguinte questão: 
 
"Podias fazer um post sobre encontrar o profissional certo para cada pessoa e como escolher o psicólogo que mais se adequa? É que eu acho que muitas pessoas ficam no primeiro psicólogo que lhes aparece, mesmo que não estejam a melhorar, porque têm medo de não encontrar melhor."
 
    Ora, não tanto posso, como aqui está ele! Essa é uma pergunta um pouco tricky, porque acredito que muitas vezes seja uma questão de nos identificarmos, ou não, com a personalidade do psicólogo (e haver o tal 'match', que vos falei em tempos).
    No entanto, existem vários tipos de profissionais de psicologia, cada um com a sua vertente clínica, que vão ditar a forma como o profissional atua, e faz as suas interpretações.
 
    São algumas dessas abordagens...
  • A cognitivo-comportamental (uma das mais frequentes): Nestas consultas, o psicólogo tem um papel mais activo, e pretende ensinar ao paciente formas mais adequadas de viver a sua vida; identificar e avaliar pensamentos da pessoa, e como estes podem interferir no seu comportamento. Por isso são mais intervenientes nas sessões, e dão técnicas específicas para utilizar no dia-a-dia. Mais utilizada em casos de: depressão, transtornos de ansiedade, de pânico, obsessivo-compulsivo, fobias, etc.
  • A sistémica: Os psicólogos que seguem esta vertente, estudam o indivíduo dentro dos seus relacionamentos (familiares, de casal, etc), e a sua forma de comunicar. E por isso a sua abordagem incide não só na pessoa que tem à sua frente, mas também nos seus contextos de vida. Frequentemente utilizada em terapia familiar.
  • A existencial: Nesta abordagem não se tem em conta os sintomas nem a doença do paciente, mas apenas a relação que existe entre este e o terapeuta - é a mais filosófica. Aqui, o objetivo da intervenção é levar a pessoa a procurar um significado para a sua existência.
  • A dinâmica: Segundo este tipo de intervenção, o nosso comportamento é determinado por processos mentais inconscientes, construídos durante a infância. São, por isso, psicólogos mais focados em explorar o passado da pessoa, menos intervenientes, e que dão por isso mais espaço à pessoa, para falar. Útil para tratar casos de depressões profundas, traumas de infância, etc.
  • Psicanálise: Seguem o mesmo tipo de abordagem da vertente dinâmica, no entanto a intervenção é feita no divã, e é mais demorada (um tratamento pode demorar anos!). E são utilizadas técnicas como a associação livre de ideias, a interpretação de sonhos, etc. 
  • Etc. (existem muitas mais, mas estas são algumas das mais frequentes)

 

    Espero ter-vos sido útil, e tenham uma óptima semana! 

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#35DomingodeConsultório: Depressão sazonal - mito ou realidade?

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    Bom domingo a todos! Hoje trago-vos um tema sugerido pela nossa querida Nala:

"Podias falar sobre alterações de humor ligados à mudança de estação. Não sei se há algo cientifico que possa ser dito mas interessar-me-ia."

 

    Há sim, e desde já agradeço pelo óptimo tema.

    Na verdade, falamos de Depressão Sazonal quando um indivíduo passa por um conjunto de alterações de humor, nomeadamente episódios mais depressivos, numa determinada estação (sendo mais frequente no Outono, ou Inverno). Estes sintomas tendem, por isso, a começar e a terminar sempre na mesma altura do ano.

 

QUANDO DISTINGUIR UMA DEPRESSÃO SAZONAL DE UM EPISÓDIO DE TRISTEZA LIGEIRO?

    É normal existirem dias em que nos sentimos mais em baixo do que outros, por eventos de vida que passámos mais negativos e/ou stressantes, mas se sentirmos que a maior parte dos nossos dias sentimo-nos tristes e desmotivados para as atividades do dia-a-dia, pode ser necessário consultarmos um técnico de saúde mental.

 

Indivíduos diagnosticados com depressão sazonal têm, frequentemente:

  1. Tristeza e humor deprimidos (praticamente todos os dias);
  2. Ansiedade e pensamentos ruminantes (sobre os mais variados temas);
  3. Dores de cabeça;
  4.  Hipersonia – distúrbio de sono que se caracteriza por uma sonolência excessiva durante o dia ou sono prolongado à noite;
  5. Hiperfadiga – que se caracteriza por uma falta de energia, e cansaço físico e psicológico -, ou grande agitação psicomotora;
  6. Problemas de concentração;
  7. Aumento do apetite;
  8. E, em casos extremos, existência de pensamentos acerca da morte, e suicídio.

 

    Para além disso, para ser considerada depressão sazonal, deve haver sintomatologia depressiva durante um período de pelo menos 2 anos, e sem a presença de episódios depressivos durante outra altura do ano (para não confundir com uma depressão major, ou crónica). Também é importante distinguir uma depressão sazonal com um episódio depressivo associado a outros factores psicossociais externos, como o recomeço das aulas, ou atividade laboral.

 

TEM CURA?

A boa notícia é que a depressão sazonal é curável, e há várias ações que se pode tomar para combatê-la:

  • Sair e fazer caminhadas durante o dia. Visto a depressão sazonal estar relacionada com a diminuição de serotonina e melatonina (que acontece devido ao efeito que a luz tem sobre alguns dos nossos sistemas de neurotransmissores), os especialistas de saúde mental aconselham a sair durante o dia, para melhorar o estado de espírito e mantermo-nos ativos.
  • Também uma prática regular de exercício físico ajuda a estabilizar os estados emocionais, e a combater a depressão (o ideal é fazer 2x/semana, durante meia-hora).
  • Para além disso, é recomendada uma alimentação rica em peixe e marisco, que têm grandes quantidades de ácidos gordos de omega-3, e que por isso ajudam a melhorar o funcionamento do cérebro.

 

    No entanto, os psicólogos alertam para a necessidade de reconhecer os primeiros sintomas, e procurar ajuda psicológica. Tal como nos outros tipos de depressão, a depressão sazonal funciona muito bem com a intervenção cognitivo-comportamental, que ajuda a trabalhar os pensamentos negativos que ocorrem nessa altura do ano, e a desenvolver comportamentos mais adaptados para a pessoa. Se necessário, pode também ser recomendado a adesão medicamentosa (nomeadamente a prescrição de antidepressivos).

 

    E por hoje é tudo! Espero que este Domingo de Consultório vos tenha sido útil 

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#34DomingodeConsultório: Doença psicossomática - quando a dor emocional afecta o corpo

 
O QUE É?
 
    A doença psicossomática é das que considero mais interessantes de se estudar, pois não é nada mais nada menos, do que a expressão da dor no corpo (wooow, eu sei!). Segundo as teorias psicológicas, quando nós passamos por algum evento de vida stressante/negativo e reprimimos ou ignoramos essas emoções, elas podem-se manifestar no nosso corpo.
    Desta forma, a doença psicossomática costuma aparecer em individuos com altos niveis de stress e ansiedade,  depressão, com traumas, que sofreram de bullying, com ritmos de vida stressante (como no trabalho, etc).
    E só para terem uma noção como o stress emocional é tão importante, ele pode até agravar uma doença já existente, como o caso da diabetes (em indivíduos com predisposição para a doença).
 
 
COMO SE PODE MANIFESTAR?
 
    Esta patologia pode manifestar-se de diferentes formas, e pode afectar quase todas as partes do nosso corpo.
    Algumas das suas manifestações mais frequentes são:
  • Dor no peito, costas ou cabeça.
  • Enxaquecas
  • Suores
  • Tremores
  • Hipertensão
  • Distúrbios intestinais
  • Enjoos
  • Falta de ar
  • Aumento do batimento cardíaco
  • Manchas vermelhas na pele
  • Úlceras
  • Dermatite
  • Impotência Sexual, etc.
 
 
COMO COMBATER?
 
    Cada caso é um caso, e tudo depende da gravidade da sintomatologia da doença.
    No entanto, há ações que podemos tomar para combater e prevenir, este mal:
 
1- Mudar o nosso estilo de vida. Limitar o consumo de cafeína, ter uma dieta equilibrada, evitar alcoól e o tabaco, praticar yoga... ajuda a diminuir a ansiedade e, por conseguinte, a combater os sintomas da doença.
2- Aceitar as nossas emoções, e verbalizá-las - principalmente as emoções negativas (ódio, inveja, mágoa, culpa, frustração, medo.) Pois quando não nos expressamos, o nosso corpo encarrega-se de apresentar o seu próprio discurso, e nem sempre é o mais adequado...
3- Procurar acompanhamento psicológico (algumas das terapias recomendadas são: psicoterapia, terapia cognitivo-comportamental, hipnoterapia, e terapia de grupo) e psiquiátrico, podendo ser necessário a adesão medicamentosa. O acompanhamento irá ajudar a compreender melhor a sintomatologia da doença e a diminuir os seus sintomas; por outro lado a medicação ajuda a melhorar as alterações de humor, e a estabilizar o humor. 
 
    Em suma: Todos nós, em algum momento da nossa vida, somatizamos, em maior ou menor grau, no entanto quando essa somatização é constante, duradora, e interfere fortemente na nossa qualidade de vida, podemos estar perante um quadro de doença psicossomática. E aí é necessário procurar ajuda especializada para que seja feito um tratamento adequado.
 
    Espero que tenham gostado deste Domingo de Consultório! Que temas gostariam que falasse para a próxima semana? 
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#33DomingodeConsultório: A depressão e o risco de suicídio

 

    Ultimamente têm sido vários os casos de suicídio, relacionados com a perturbação depressiva major, que tenho visto na televisão. E os números são claramente assustadores, mas mais preocupante ainda é a falta de prevenção que há nesta área com pessoas que estão em risco!

    Por isso mesmo, hoje resolvi-vos falar da depressão e do risco de suicídio, para não só vos alertar de alguns dos sinais mais frequentes, como também medidas que possam tomar quando estiverem perante um caso deste tipo.

Sintomatologia do transtorno depressivo major:

  • Tristeza e ansiedade permanente, na maioria dos dias;
  • Sentimento de inutilidade, ou excesso de culpa;
  • Fadiga e/ou cansaço extremo;
  • Perda de interesse nas atividades quotidianas;
  • Dificuldades de concentração, memória e na tomada de decisões;
  • Alterações no apetite;
  • Insónias ou hipersónia (dormir demasiado);
  • Pensamentos e tentativas suicidas, etc.

 

    Os sintomas manifestam-se de forma diferente, de pessoa para pessoa, bem como a sua duração. No entanto, em casos extremos, podem levar a situações muito graves.

 

Tratamento e prevenção de suicídio

  1. Primeiramente, deve-se procurar avaliação psicológica/psiquiátrica. Se conhecem alguém que tem experienciado este tipo de sintomas ultimamente, aconselho vivamente o reencaminhamento psicológico, ou psiquiátrico. Nesta avaliação, é tida em conta a natureza da sintomatologia do paciente e os seus episódios depressivos passados, de forma a criar um modelo próprio para o tratamento.
  2. Posteriormente, este tratamento pode ser feito por medicação... (que vai ajudar a reduzir os sintomas)
  3. ... e/ou por psicoterapia/ acompanhamento psicológico (que ajuda a lidar com os pensamentos e emoções negativas, e transformá-los de forma a serem mais produtivos.)
  4. Deve-se também promover mudanças no estilo de vida. Para além do referido acima, deve-se promover: uma dieta rica em nutrientes,exercício físico, atividades fora de casa, encontros com amigos e/ou familiares, etc.
  5. Não esquecer a importância do suporte emocional. Devemos encorajar a pessoa com perturbação depressiva a procurar o tratamento mais indicado, mas também mostrar compreensão, paciência e afecto. Não desvalorizar observações referentes ao suicídio, incentivar a sair, oferecer escuta ativa e promover esperança no tratamento são outras formas de lidar com pessoas com este diagnóstico.

    Por último, se conhecerem alguém com pensamentos suicidas recorrentes, contactem por favor a linha de apoio à prevenção de suicídio SOS Voz Amiga para que vos possa ajudar: 21 354 45 45, 91 280 26 69 e 96 352 46 60.

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#32DomingodeConsultório: Como lidar com o stress pós-férias?

 
 
    Há tempos fiz um post sobre como desligar do stress do trabalho nas férias, e várias pessoas sugeriram-me fazer um sobre como lidar com o regresso ao trabalho e o stress pós-férias. Por isso, aqui está ele.
 
    Esta mudança de mindset 'férias-trabalho' é muitas vezes feita de forma abrupta, pois chegamos das férias, do descanso e relaxamento, para um ambiente caótico, com muito trabalho acumulado das férias, e stresses. É este choque repentino que nos pode causar tristeza, falta de motivação e irritabilidade, no período pós-férias.
 
    O que podemos fazer para lidar com este regresso da melhor maneira?
  • Começar com calma. O ideal, nos primeiros dias de trabalho, é evitar marcar reuniões importantes, e tentar ao máximo gerir as expetativas para os dias futuros. Os primeiros dias deviam funcionar mais como um planeamento para tudo aquilo que é importante no futuro;
  • Focarmo-nos nos pontos positivos. Talvez seja aquele projecto que está agora a desenvolver, ou o encontrar-se com alguns colegas de trabalho... Por mais difícil que seja ao início, há sempre aspectos positivos a recordar, que nos mantêm mais motivados;
  • Procurar sair da rotina. Que tal apostar numa nova atividade física depois do trabalho, iniciar uma nova série/livro, ou ainda começar a planear as futuras férias? Ao procurarmos inovar os nossos dias, a ideia de regressar ao trabalho não vai parecer tão má como antes...
  • Ter hábitos saudáveis. Por mais cliché e repetitiva que sooe, eu acho sempre importante relembrar que uma boa noite de sono e descanso (pelo menos 8h), é fundamental para um bom regresso ao trabalho. A prática de meditação também ajuda a diminuir os nossos níveis de ansiedade e stress. Para além disso, o desporto, a ioga, a corrida, a escrita num diário... são outras estratégias que permitem uma melhoria do nosso bem-estar.
  • Por último, reflectir sobre o nosso emprego. Tire algum tempo para refletir: este trabalho faz-me feliz? realizado/a? o que posso fazer para geri-lo da melhor maneira?
 
    É importante estarmos atentos aos primeiros sinais de desgate, e à sua duração. Se vermos que temos sintomas recorrentes de esgotamento e exaustão emocional (fadiga, irritabilidade fácil, sono alterado, etc.), o ideal é consultar um profissional de saúde. Só desta forma é possível prevenirmos o desenvolvimento do síndrome de burnout -  distúrbio emocional que afecta muitos dos trabalhadores portugueses...
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#31DomingodeConsultório: Como desligar do stress, nas férias?!

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    Só quando começamos a trabalhar é que começamos a dar mais valor aos dias que temos de férias, e em como podemos aproveitá-los o melhor possível.

    Contudo, nem sempre conseguimos aproveitar estes dias da melhor maneira porque temos ainda alguma dificuldade em "desligarmo-nos" do stress do trabalho (não sei se isso costuma acontecer convosco, mas comigo acontece de certeza... ) Por isso mesmo, no Domingo de Consultório de hoje resolvi dar-vos algumas dicas para vos ajudar a 'desligar a ficha' nas vossas férias, e tentar tirar o melhor partido delas possível:

  1. Resolver antecipadamente problemas pendentes. Tente resolver tudo o que diga respeito a problemas pendentes a nível profissional, pessoal, familiar..., que estejam a ser alvo de grande preocupação. É fundamental soluccionar questões que lhe estejam a tirar o sono, de modo a conseguir relaxar a 100% nas suas (merecidas) férias.
  2. Não colocar demasiada pressão no planear das férias. O objetivo é desacelarar o ritmo de trabalho, e ter o descanso merecido, por isso não se culpe se o planeamento das férias não tenha corrido como esperado. É fundamental para o nosso equilíbrio mental que hajam dias onde simplesmente fiquemos em casa a descansar, ler, ver televisão, etc. Não há mal nenhum em ter dias menos produtivos durante as férias, por isso deixe-se levar. 

  3. Sair da rotina! Apesar disso, é importante sair da rotina do dia-a-dia e introduzir o factor novidade. Seja este: viajar para um sítio novo, experimentar uma comida diferente, fazer uma atividade nova... Estas mudanças melhoram não só a nossa qualidade de vida e bem-estar, como ajudam a diminuir o stress e tensão acumulados do trabalho.
  4. Evitar atender telefonemas e responder a e-mails de trabalho. Neste caso, é preferível colocar o aviso de ausência no seu email, ou, no caso de telefonema, esperar que lhe enviem um SMS. Se não for algo urgente, e passível de esperar, dê uma resposta assim que regressar ao trabalho. Atender telefonemas e responder a e-mails do trabalho sistematicamente está associado, a longo prazo, a consequências como: alterações de humor, irritabilidade, dores de cabeça constantes, etc.

  5. Tente manter um bom ritmo de sono. Apesar de estarmos nas férias, é importante que tente deitar-se e acordar aproximadamente à mesma hora, todos os dias, para que o seu corpo se habitue que a cama serve para dormir, e não para estar às voltas nas suas preocupações. Para além disso, há vários exercícios de relaxamento que pode fazer antes de se ir deitar, de forma a descomprimir a energia negativa acumulada durante a altura do trabalho.

     

    E por hoje é tudo! Espero que tenham gostado deste Domingo de Consultório!

    O consultório agora volta a abrir em Setembro. Que temas gostariam que falasse nessa altura? 

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#30DomingodeConsultório: "Tenho pânico de estar em multidões"

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    Bom Domingo a todos! E que saudades que eu tinha destes Domingo de Consultório... 

    Hoje voltei com uma temática que uma subscritora me falou há dias, que é o pânico de estar em zonas com muita gente, barulho, filas, etc. O medo de estar em multidões tem várias denominações, no entanto aquele mais utilizado é a Agorafobia

    Indivíduos com agorafobia têm frequentemente pensamentos de que pode ser difícil escaparem de um determinado lugar, ou de que no caso de desenvolverem sintomas de pânico, podem não receber ajuda imediata. Por isso, começam a desenvolver sintomas de ansiedade (ritmo cardíaco acelerado, suores frios, tremores...), sendo esta muitas vezes seguida de ataques de pânico.

 

TRATAMENTO

    Felizmente, a agorafobia vem por fases, sendo que o seu tratamento pode nem precisar de acompanhamento psicológico. Para isso, deve-se...

 

1. Identificar pensamentos irracionais vindos deste medo, e questionar a sua veracidade.  Por exemplo, um pensamento muito frequente de pessoas com agorafobia é 'Da última vez que estive num sítio com muita gente tive uma ataque de pânico; agora estou num sítio com muita gente, por isso também vou ter'.

    Por isso, deve-se questionar 'Até que ponto este pensamento é válido? Que provas tenho que ele é verdadeiro? E que provas tenho que ele é falso? É útil para mim pensar desta forma?', e levar a reestruturar o nosso pensamento: "Lá porque da última vez que estive num sítio com muita gente tive um ataque de pânico, não significa que desta vez terei. Também houve imensas vezes que estive em locais muito frequentados, e correu tudo bem".

 

2. Expôr-se gradualmente à situação desencadeadora, até passar o medo.  Uma estratégia muito usada é fazer uma escala de 10 metas, onde a exposição à situação é gradual, e a pessoa controla a sua duração e frequência (por exemplo, na 1ª meta a pessoa vai acompanhada a um sítio com algumas pessoas, e fica lá durante meia-hora; e na 10ª meta, a pessoa consegue ir sozinha, a um sítio muito frequentado - um centro comercial, festival, etc. -, e passar lá várias horas).

 

3. Praticar técnicas de meditação regularmente.  A exposição a situações que consideramos ameaçadoras pode induzir-nos altos níveis de stress e ansiedade. Daí surge a necessidade da meditação e técnicas de respiração profunda (podem pesquisar termos técnicos na internet como 'respiração diafragmática' e 'treino de relaxamento', há vários vídeos no youtube que demonstram como o fazer).

    Muito importante: Tal como o próprio nome indica, estas técnicas requerem muito treino, e tempo! É normal que nas primeiras 3, ou 4 vezes não sintam grandes alterações no vosso estado de espírito. Para que o treino de relaxamento seja eficaz, há que manter uma prática regular e sistemática. Em compensação, quando estes hábitos de respiração e relaxamento são bem adquiridos, observa-se uma diminuição acentuada dos níveis de ansiedade e de ataques de pânico, e uma maior facilidade em enfrentar futuros medos.

 

    No entanto, se este pânico se tornar problemático e começar a interferir na vossa qualidade de vida, aconselho-vos a procurarem ajuda psicológica. A terapia cognitivo-comportamental costuma ser a mais indicada para estes casos, pois dá técnicas (nomeadamente a dessensibilização sistemática), que ajuda a lidar com o medo, a alterar e controlar os nossos pensamentos disfuncionais, e a modificar o nosso comportamento.

 

    Espero que tenham gostado deste Domingo de Consultório! Que temas gostariam que falasse para a próxima semana? 

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#29DomingodeConsultório: Porque é que as relações amorosas falham? (E como o evitar?)

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    Os relacionamentos já são desafiantes por si só, agora imagine-se o quão complicados eles se podem tornar quando se juntam duas pessoas, a nível amoroso, de mundos completamente diferentes, e cada um com os seus valores, histórias de vida, experiências...

    A psicologia fez, por isso, os principais motivos que levam os relacionamentos amorosos a chegar ao fim:

 

    1.Demasiada expectativa  ("Ele/ela é p-e-r-f-e-i-t-o!"). É natural idealizarmos a nossa cara metade, e a relação que queremos para nós; todos nós temos as nossas preferências e os nossos gostos. No entanto, é importante compreender que nenhuma relação amorosa vai nos realmente preencher na sua totalidade, porque o ser humano é um ser imperfeito, e é irrealista acharmos que uma pessoa só irá corresponder a todas as expetativas que idealizamos para nós.

    Aprendermos a amar os defeitos do outro é a maior prova de amor que podemos dar a alguém!

 

    2.Dificuldades de comunicação.  Os especialistas de saúde mental consideram esta uma das maiores causas de fins de relacionamento. Comentários criticos, negativos ou sarcásticos em relação ao outro demonstram falta de respeito pelo parceiro, e pela relação. O orgulho, a dificuldade em dar feedback positivo, ou o não discutir as suas preocupações com o par irão dar azo a um problema de comunicação muito maior.

    Ao invés disso, deve-se procurar resolver os mal-entendidos assim que eles dão os seus primeiros sinais, ser claro e focarmo-nos na resolução do problema que nos está a incomodar, ao invés de o utilizar como arma de ataque ao parceiro.

 

    3.Falta de confiança.  Devido a traumas do passado ou a algo recente que aconteceu na relação atual, a falta de confiança é destrutiva para qualquer tipo de relacionamento.

    A forma de a contornar é tentar perceber qual é a sua origem (foi algo que realmente aconteceu agora, ou vem de uma experiência passada?), e como podemos combatê-la. Pode ser pertinente a intervenção psicológica para ultrapassar eventuais traumas no passado.

 

    4.Ritmos diferentes.  Quando cada um está a avançar ao seu ritmo no relacionamento, ou a nível profissional, intelectual, etc., pode-se criar um impasse na relação. Talvez uma pessoa prefira casar e constituir família cedo, e a outra imagine outros planos para o seu futuro...

    Por isso mesmo é fundamental ter uma conversa séria no ínicio de qualquer relacionamento amoroso: "O que pretendes para o teu futuro? Quais são os teus planos? Onde imaginas esta relação daqui a 5, 10 anos?" Para perceber até que ponto estão os dois na mesma página.

 

    5.Falta de Compatibilidade.  A compatibilidade pode existir a nível: físico (na atração com o outro), emocional (que é o sentir o tal click!, sentirmo-nos bem e seguros na presença do parceiro), intelectual (ele/ela estimula-te intelectualmente?) e espiritual (partilham os mesmos valores?). Para uma relação ser bem sucedida, todos os níveis de compatibilidade têm de estar completos.

    Assim, para evitar mal-entendidos futuros deve-se identificar, no começo da relação, se todos estes níveis encontram-se preenchidos.

 

    6.Cair na rotina.  Enquanto que no início de uma relação tudo é novo e perfeito, com a continuação do tempo, o casal junta-se e pode acabar por cair na rotina. Os trabalhos stressantes, as dificuldades para pagar as contas da casa, e a preocupação excessiva com os filhos podem levar a melhor de si, e fazer com que acabe o 'clima romântico' que outrora reinara no casal.

    A solução? Estar numa relação duradoura não é fácil, e necessita de um esforço contínuo para resultar. Um esforço que tem de vir das duas partes. Alterar os hábitos do casal, fazer coisas novas e aventurar-se por novas experiências é o truque para o relacionamento não cair na rotina (Ah, e arranjar sempre tempo para namorar!!)

 

    7.Dependência emocional.  "Sem ele não sou feliz", "Não me sinto completo sozinho..." Este tipo de pensamentos é frequente em indivíduos que não conseguem  encontrar a felicidades neles próprios, e por isso andam constantemente à procura de alguém para os fazer sentir preenchidos.

    Na verdade, isto pode significar uma dependência emocional muito grande, e caso seja o caso, poderá ser necessário um acompanhamento psicológico para trabalhar com a pessoa a sua independência, e estar confortável com ela.

 

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