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umacartaforadobaralho

"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

A crise dos 25

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Acho que não há imagem que me descreva de forma tão perfeita como esta acima... Neste momento sinto-me assim como aquele senhor, um bocadinho pró perdida. 

A nível pessoal, sinto que (ainda) estou a descobrir quem sou e o que quero, e isso tem-me deixado muitas dúvidas na cabeça ultimamente: com a idade que tenho, será que já devia ter casado, ter uma casa para mim, um emprego estável e ser financeiramente independente? E será que estou a fazer algo de errado para as coisas não terem corrido dessa maneira...?

 

Com o fim do estágio a aproximar-se, tenho me perguntado muitas vezes qual será o meu passo a seguir. O que vou fazer agora com a minha vida dali para a frente?; o que é que quero para o meu futuro?; faço uma pausa para realizar alguns dos projetos que tenho na gaveta, ou sigo para a próxima oportunidade profissional?

Se paro, tenho medo de me arrepender mais tarde, mas se continuo a trabalhar arrisco-me a ficar 'presa' num sítio em que não me sinto tão realizada profissionalmente quanto desejava...

Por outro lado, já estou naquela fase da vida em que prezo cada vez mais os meus relacionamentos pessoais, e por isso sinto que não vale a pena estar a alimentar relações que não me trazem nada de bom (nem perder o meu tempo com eles), e preciso antes de cultivar todos aqueles que me fazem bem.

Portanto sinto-me como se estivesse a fazer uma reciclagem ao meu ciclo de relacionamento sociais - e nunca soube tão bem cuidar do meio ambiente... 

 

Por esse lado, digam-me da vossa justiça: Já alguma vez passaram pelo mesmo? Sabendo que não há respostas certas nem erradas às minhas dúvidas existenciais acima, como é que ultrapassaram este 'bloqueio'? 

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#25DomingodeConsultório: Serei demasiado independente para ter uma relação?

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    Olá, espero-vos bem! Hoje trago-vos uma questão de uma querida leitora, que me enviou o seguinte:

 

"Tenho uma pessoa que diz gostar muito de mim mas eu não consigo corresponder. Já tentei mas gosto de ter a minha independência, ou seja, gosto de estar com ele de vez em quando e por outro lado gosto de estar sozinha."

 

    Aquilo que entendo da questão é: gostas muito da tua independência, mas tens medo de a perder num relacionamento amoroso, é isso? Se é esse o caso, posso te dar algumas dicas para tentar ultrapassar esse 'medo'.

 

PODE HAVER VÁRIOS MOTIVOS PARA TE SENTIRES ASSIM:

  • Ele não ser "o tal" - que te faz borboletas no estômago. Como dizes "Tenho uma pessoa que diz gostar muito de mim, mas eu não consigo corresponder", talvez porque simplesmente não o sintas de volta, e não porque tens medo de perder a tua independência. Ou porque o que sentes por ele não é o suficiente para quereres assumir uma relação.
  • Tens uma forma de te relacionares mais individualista. Há pessoas que desde muito cedo se tornaram independentes, e por isso habituaram-se à realidade de estarem sós. E o facto de, de repente, aparecer uma pessoa a querer passar o tempo todo com ela, a querer partilhar a mesma casa, e até casar... pode assustar este tipo de indivíduos mais individualistas, e fazê-lo pensar que irá perder a sua liberdade.
  • Tens medo do compromisso. Inconscientemente, podes estar a associar um relacionamento amoroso a uma relação de dependência (com pensamentos como: "Ter um namorado é ter que estar sempre com ele" ou "É ter alguém que me diz o que tenho de fazer..."). Estes pensamentos irracionais podem estar associados a relacionamentos passados que tiveste e que foram controladores, e que sentiste que te estavas a perder: aos teus valores, e sentimentos. Como isso já te aconteceu no passado, podes ter medo que te aconteça novamente. 

 

COMO ULTRAPASSAR ESTE MEDO?

    1. Sermos honestos connosco (e com o parceiro). Se arranjarmos tempo para refletir o que é que queremos, e o que é que nos assusta/preocupa numa relação, vai ser mais fácil entender o que está por detrás desses 'medos'. Qual é o motivo, daqueles referidos acima? É importante perceber que devemos fazer a escolha de estar com alguém com base daquilo que nós temos a oferecer, em vez daquilo que esperamos receber. Ao estarmos numa relação com o objetivo de entender o que é que o outro pode fazer por nós, cria-nos expetativas falhadas e desilusões; devemos antes partir de uma relação em que haja interesse genuíno em ambas as partes.

    2. Estabelecer os "limites" da relação. Depois disso, é fundamental colocarmos os nossos parceiros a par dos nossos limites (físicos, e emocionais): O meu nível de proximidade física contigo é...; O tipo de toque que me deixa confortável numa relação é...; As minhas necessidades emocionais são...; Numa relação, estou disposto a permitir do outro...; As minhas crenças e valores são..., etc. Há que lembrar que o objetivo de um relacionamento não é atender às necessidades da outra pessoa, mas sim estar disposto a respeitá-las.

    3. Arranjar tempo para nós. Como dizes e bem, as pessoas independentes apreciam muito o tempo que passam sozinhas. Não só gostam desse tempo, como precisam! E numa relação, isso não muda. E daí a importância do futuro parceiro respeitar isso. Pedir ao nosso parceiro um tempo para estarmos sozinhos, ou até agendá-lo com antecedência vai ser o ponto-chave numa relação com um indivíduo independente.

 

    É importante relembrar que a única pessoa realmente capaz de nos tirar a nossa independência somos nós próprios, por mais "lamechas" que possa parecer. Estar numa relação não implica deixarmos de ter a nossa independência, e devemos antes encará-la como um plus à nossa vida - que nos complementa algo, e não que nos retira.

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