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umacartaforadobaralho

"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

Reflexões de quem já está há demasiado tempo fechada em casa

 

Comecei a fazer um "diário da quarentena" a partir de Março do ano passado (pensando que ia durar 2 ou 3 meses, tão inocentezinha...), onde escrevia os meus pensamentos e sentimentos durante o primeiro confinamento, e desde então nunca mais parei.


Agora, que já faz quase um ano da sua existência, resolvi partilhar algumas das minhas reflexões, tiradas destes desabafos diários em pleno confinamento.


1º O ser humano é claramente um ser social, extremamente dependente daqueles que estão à sua volta (por muito que nos custe admitir...). Até para mim, que me considero uma introvertida assumidíssima, já acho demasiado tempo para estar sem pessoas à minha volta (sem ser a minha família claro, que coitados, já não me devem poder aturar );

2º Durante a pandemia, todos nós reavaliámos as nossas relações (familiares, de amizade e amorosas). A nossa interação com os outros neste período inevitavelmente alterou-se, sendo na sua maioria feita pelas redes sociais, o que naturalmente afectou a forma como nos relacionamos com os outros. Aproximou-nos mais de umas pessoas, afastou-nos mais de outras, mas de modo geral acho que nos fez dar mais valor às pessoas que estão para ficar na nossa vida;

3º Temos uma capacidade de adaptação e resiliência muito maior do que imaginávamos!  Não só superámos um primeiro confinamento, como estamos agora a lidar com um segundo - com todas as exigências e desafios que ele exige, obviamente, mas sempre com as ferramentas necessárias para o "aguentar" (por muito difícil que possa parecer).

 

E por esse lado, como estão a lidar com este 2º confinamento? Que reflexões tiram desta experiência?

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Desabafo de uma profissional de atendimento da linha SNS24

 

Bem sei que não tenho dado notícias desde há algum tempo (para aquela meia dúzia de gatos pingados que ainda me segue por aqui - nem sei como -, obrigada! ), mas quero que saibam que a minha intenção nunca foi abandonar o blog.

Eu tenho um carinho muito especial por este meu espaço, mas sentia que precisava de algum tempo para pôr a minha sanidade em dia para depois poder 'arrumar' aqui as minhas ideias.

No entanto, o assunto do post de hoje é demasiado importante para não ser mencionado aqui no blog, por isso achei que esta era a melhor maneira de fazer o meu regresso aos blogs da Sapo.

Durante este tempo, tive a oportunidade de estar a realizar atendimento remotizado na linha SNS24 a doentes Covid-19, e por isso hoje venho contar-vos um pouca da minha experiência (e daquilo que vos posso partilhar).

Iniciei o meu trabalho na linha no mês de Novembro, altura em que as chamadas eram poucas, havia um bom tempo de espera entre chamadas, e o atendimento em si era relativamente fácil de se prestar. Atualmente, em Janeiro de 2021 (e desde finais de Dezembro), a linha SNS24 está um caos.

Vieram as épocas festivas, e tudo piorou. Neste momento, as pessoas chegam a passar horas em fila de espera para serem atendidas (com, ou sem sintomas). E não é por falta de pessoal a trabalhar na linha porque, acreditem, somos imensos: desde médicos, enfermeiros, farmacêuticos; a psicólogos, dentistas, etc.

Foram festas de fim-de-ano que correram para o torto, Natais passados com a família alargada, pessoas a dormirem em casa umas das outras, a apanharem boleia de carro juntas.... A lista não tem fim. E apesar de haver ainda casos de pessoas que apanham Covid-19 no local de trabalho ou nas escolas, eu acredito piamente que a maioria dos casos de Covid-19 podiam ser totalmente evitáveis se as pessoas tivessem sido mais responsáveis, e tido em conta as recomendações da DGS.

Isto não é uma simples gripezinha, uma coisa que "só acontece aos outros". Estamos a falar de uma doença que se manifesta de forma muito diferente, de pessoa para pessoa, e acreditem que também atendo pessoas mais jovens com sintomas graves, por isso não desvalorizem nunca a importância da prevenção.

E mais uma coisa que me apercebi que muita gente não está informada: Deve-se ligar para a linha SNS24 não só quando se tem sintomas da Covid-19 (sendo que estes são muito variados por isso em caso de dúvida, liguem sempre!), mas também quando se teve em contacto directo com uma pessoa que testou positivo à Covid19, mesmo que não se tenha sintomas!! Só desta forma é possível que os técnicos façam a correta avaliação da situação de risco, e vos deem as indicações necessárias.

 

É muito importante que passem esta mensagem para que todos consigam estar a par destas diretrizes, e juntos conseguimos travar esta pandemia. Neste momento, esta é a melhor maneira de todos nós agradecermos aos profissionais de saúde por todo o seu esforço e dedicação 

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Sobre sentir falta do contacto humano

(até para uma introvertida, como eu!)

(Imagem divulgada no The New York Times no artigo "How to Hug during a Pandemic")

 

    Eu compreendo as pessoas que querem fazer jantaradas com amigos, ir à praia (mesmo correndo o risco dela estar lotada) e fazer outra qualquer atividade que implique estar fora de casa. Eu juro que compreendo. E compreendo porque sinto exactamente o mesmo.

    Sinto que, dia-a-dia, somos sistematicamente confrontados com a eterna questão: "Como é que eu posso fazer aquilo que eu quero fazer e continuar protegido/a da Covid-19?"  E a resposta mais rápida é lógica é: ficando em casa, e saindo/ convivendo o mínimo possível com outras pessoas. Mas, caramba, estamos a fazer isso há 5 meses!
    São 5 meses passados maioritariamente em casa, a trabalhar, a conviver com as mesmas pessoas (ou para aqueles que estão sozinhos, a conviver apenas consigo próprio) e raramente vendo a luz do dia. Isto não é fácil!
    O ser humano não foi feito para isto. Nem mesmo eu, que sempre me considerei uma introvertida assumida, que prefere muitas vezes passar o seu tempo sozinha. Sinto falta do contacto humano! Do toque, dos beijos, dos abraços...
Estamos, sem nos aperceber, a desenvolver personalidades cada vez mais frias, onde o contacto social é desvalorizado, e onde a solidão ganha espaço para surgirem outros problemas do foro mental como a depressão, a perturbação de pânico, a fobia social...
    E acho que muito pouco se fala disto, ainda, infelizmente. É o jogo do ignorar o obvio: sabemos que a pandemia ainda está bem presente, que nos afeta a nível pessoal e emocional, mas ainda assim escolhemos ignorar aquilo que estamos a sentir (para "debaixo do tapete", como se costuma dizer) na esperança (?) que aquilo que estamos a sentir desapareça.

    O que eu quero dizer com isto é que é perfeitamente normal estarmos mais ansiosos, stressados, preocupados, e instáveis numa altura como esta. A pandemia ainda cá está, continua a ter um grande impacto nas nossas vidas (a acrescer a todos os problemas que surgem no nosso dia-a-dia, a par da Covid-19), e mais vale termos a noção de que isto nos está a afectar do que fingir que nada está a acontecer, e que tudo já está como era dantes (porque está longe de estar).

    Por isso, pessoal que está a ler este post: Tomem bem conta da vossa saúde física, mas não descuidem do vosso bem-estar emocional. Se sentem que todos estes desafios estão a ser demasiado complicados de lidar, e que isso pode estar a reflectir-se na vossa vida diária (como dificuldade a adormecer, problemas nos relacionamentos, binge eating, etc.), ponderem usufruir de um acompanhamento psicológico. É benéfico para toda a gente, e é um investimento acima de tudo para a vossa saúde!

    Se precisarem de algum conselho ou dica sobre psicólogos de referência, podem-me enviar um e-mail que eu vou-vos tentar aconselhar dentro das vossas necessidades. Tenham uma boa noite 

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Como manter uma uma relação à distância, em tempos de pandemia?

No mundo em que vivemos atualmente, é comum vermos casais separados pelo isolamento, preocupados com as consequências que esta distância terá, a longo prazo, na sua relação.

É o meu caso e do gajinho. Não estando ainda a morar juntos, temos estado desde Março a viver esta relação à distância, com ocasionais saídas a 2m de distância em espaços abertos. Como podem imaginar, um verdadeiro paraíso não é?... 

E como é que se aguenta tanto tempo longe do vosso mais-que-tudo, perguntam-me vocês? Com muito amor, alguns desentendimentos e uma pitada de choro à mistura!

 

Seguem abaixo algumas dicas de como tornar esta fase um bocadinho (ligeiramente) mais suportável...

  1. Combinem horários para falarem (por chamada, ou vídeo), e cumpram. Apontem nas vossas agendas se for preciso! É importante que definam um horário, diário, para fazerem uma chamada e se porem a par das novidades.
  2. Falem MUITO! Não só é importante que comuniquem todos os dias, mas que tenham conversas de qualidade: esclareçam sempre mal-entendidos que tenham o mais rapidamente possível para o problema não se alastrar; aproveitem para se conhecer melhor; façam perguntas curiosas à vossa cara metade (aqui está um óptimo exemplo); combinem dates futuros; relembrem as vossas melhores memórias; façam chamada à noite e adormeçam ao telemóvel com o vosso/a namorado/a, etc.
  3. Divirtam-se juntos! Apostem sempre que possível nas videochamadas, façam partidas de jogos online (hoje em dia têm tantooo por onde escolher desde o Jogo do stop até ao Gartic - jogo do desenho), maratonas de séries/filmes na Netflix (o Netflix Party também vos pode ser muito útil porque permite-vos ver programas em simultâneo)...
  4. Inovem. Vou-vos dar o meu exemplo. No meu caso, eu comecei a escrever inicialmente um diário sobre o meu dia, que depois entregaria ao gajinho quando a pandemia acabasse, mas depois optei por fazer "vlogs" do meu dia. Assim, de vez em quando, principalmente quando tenho um dia mais interessante (que é muito raramente ), filmo o meu dia e no final envio-lhe o link. É como aquelas youtubers famosas fazem, a única diferença é que ele é o meu único subscritor... e não tenho aqueles comentários de haters, o que é uma enorme vantagem 
  5. Combinem dates... sempre com precaução. Quando já bate aquela saudade apertada, combinem encontros presenciais, sempre com o devido distanciamento e segurança. Aproveitem para fazer uma caminhada, praticar exercício físico juntos, passear num jardim ao ar livre... Apesar das opções serem mais limitadas do que o habitual, isso não faz com que não tirem um bom partido do vosso encontro, e dando largas à imaginação podem ir variando  e diversificando os vossos dates.

 

Claro que isto não significa que está tudo bem, e que devemos aceitar todas estas mudanças na nossa vida com naturalidade, porque não é isso que nos é pedido. O mundo como o conhecemos já não existe, e é normal que demoremos tempo a adaptarmo-nos a estas alterações. Contudo, o que vos posso dizer neste momento é para aproveitarem cada momento da vossa vida, não tomarem nada como garantido e dar o vosso melhor para serem pessoas melhores, e mais felizes. Tudo isto é temporário.

Espero vos ter ajudado de alguma maneira hoje. Estamos nisto juntos, e por isso era tão bom que nos uníssemos num momento tão difícil como este para nos ajudarmos uns aos outros, em vez de nos dificultarmos a vida. Já é complicado por si só termos de lidar com o que está a acontecer no mundo, por isso bora lá unirmo-nos e ajudar o próximo 

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Sobre(Viver) em tempos de crise

Nos últimos meses temos passado por situações e desafios que nunca imaginámos enfrentar na nossa vida, e isso tem-nos trazido consequências a nível físico, e psicológico.

A pandemia obrigou-nos, de um momento para o outro, a proceder a mudanças drásticas no nosso dia-a-dia, e a adaptarmo-nos a novas realidades num curtíssimo espaço de tempo: a vivência da doença, o luto, o teletrabalho, o afastamento físico dos nossos entes queridos, o confinamento obrigatório (e, agora, o gradual desconfinamento)... 

E tal como muitos de nós, eu própria sinto-me (ainda) muito afetada com todas as consequências do confinamento obrigatório, originado pelo covid-19: a minha ansiedade disparou em flecha, os meus ataques de pânico aumentaram, as minhas crises de choro também, vieram as insónias, a desmotivação, a apatia, a ingestão exagerada de doces, o isolamento de tudo e de todos, enfim...

Por essa razão tem-me sido tão difícil manter o blog atualizado. Sinto que deixei tudo em pausa (o trabalho presencial, os encontros com amigos, as saídas, etc), e por isso o blog foi apenas mais um.

Sabem aquela sensação de estarmos debaixo de água, quando mergulhamos, e temos o nariz tapado, os olhos tapados... e só estamos desejosos de voltar ao de cima? Eu sinto-me exatamente assim. Estou debaixo de água, - com toda a minha vida suspensa, - e só vou conseguir respirar quando tudo isto estiver passado. Para mim, isto não é viver, mas antes sobreviver.

Isto não significa, obviamente, que não me sinte grata por ter a minha família comigo, por estarmos todos bem de saúde, e por termos a sorte de conseguir trabalhar a partir de casa. Mas também sei que é muito importante não descurarmos da nossa saúde mental que, em muitos casos, se tem vindo a deteriorar nos últimos dias.

Mas para não acabar em mau tom, vou-vos deixar aqui 5 estratégias que tenho aplicado nos últimos dias que me têm ajudado a manter a mente ligeiramente mais sã:

  1. Fazer meditação antes de me deitar. Todas as noites, antes de ir dormir, meto a tocar um áudio do Palouse Mindfulness (que acho sempre super relaxantes), e tem-me ajudado imenso a adormecer mais rápido, e a acordar menos vezes durante a noite.
  2. Praticar exercício físico. Esta foi uma novidade para mim (pessoa extremamente sedentária ). Dia sim, dia não, visto o meu fato de treino de manhã e faço alongamentos, ou vou dar uma caminhada num parque da minha zona. Começou por ser uma desculpa para sair de casa e manter-me saudável, até que ao fim de um tempo se tornou mesmo um hábito.
  3. Valorizar as nossas conquistas, ainda que pequenas. Desde o pequeno-almoço saudável, até à atividade física, hábitos de sono saudáveis...Tudo é motivo para festejar, e valorizar as nossas pequenas vitórias. Tendemos a ter um discurso muito autodepreciativo, o que não nos traz nenhum benefício, por isso é bom que tentemos alterar um pouco esse paradigma.
  4. Manter um diário. Manter um diário é extremamente saudável, e tem múltiplos benefícios. O meu diário serve para apontar: o nome dos workshops online a que tenho assistido, as novas receitas que tenho experimentado, as compras que tenho feito online, aquilo que tenho sentido ultimamente, etc.
  5. Manter rotinas, e horários. O ideal é tentar mantermo-nos o mais próximo possível das nossas rotinas habituais: acordarmos e deitarmo-nos à mesma hora, vestirmo-nos (mesmo que não vamos sair de casa) e mantermo-nos ativos (assistir a séries, criar novas receitas, apostar no artesanato, organizar/decorar o nosso espaço, etc.).

E por esse lado, como têm passado estes dias? 

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