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umacartaforadobaralho

"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

Não há problema em admitirmos que não somos perfeitos!

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    Há dias fui a um congresso sobre psicologia, e devo-vos confessar que nunca me senti tão "FORA do baralho" como naquele dia.

 

    À minha volta só via pessoas engravatadinhas, demasiado bem-vestidas, e a discutir entre eles assuntos importantes.

    Depois, à medida que os oradores iam sendo apresentados para toda a plateia, era só: "Agora vai falar o Doutor Fulano tal, especialista em tal e tal, Mestrado em tal, Doutorado em tal, pós-graduado em tal ,pelo instituto britânica blá blá...", estão a perceber né? A lista de diplomas parecia não ter fim! Houve uma altura em que eu pensei que tinha terminado uma comunicação, e afinal tinham apenas acabado de apresentar um dos oradores... Este tipo de coisas acaba com a auto-estima de qualquer um! 

    E de volta e meia, havia um orador que dizia "Bem, e toda a gente sabe o que é que a terapia EMDR significa" ou "E não vale a pena eu estar a falar da intervenção que se faz com a criança neste caso, porque todos os presentes já sabem..." E eu só me apetecia dizer, lá do fundo da sala: "Eu não sei, alguém me pode explicar por favor?"

    Não consegui evitar sentir-me excluída daquele grupo, pois apesar de serem quase todos psicólogos, tinham todos muito mais habilitações do que eu, muitos mais anos de experiência, e uma aparência muito mais profissional (apesar de eu não me achar desleixada, mas estava com um visual muito mais "casual").

 

    E no meio disto tudo, com a minha auto-estima já arrasada depois de ouvir todos aqueles oradores a discursar, eis que UM deles, diz isto, a meio da sua apresentação:

 

    "- Eu sinceramente não sei porque é que vocês ainda me estão pr'aqui a ouvir, eu não faço ideia porque é que me chamaram para aqui! Não sou ninguém aqui ao lado dos meus colegas..." E começa-se a rir, envergonhado.

 

    E eu apeteceu-me levantar do meu lugar, e ir lá espertar-lhe um abraço! OBRIGADA!

    Obrigada por me fazer sentir menos burra, menos inferior, e mais real! Com este senhor aprendi que não é pelo número de diplomas que ficamos (mais) perfeitos, e que todos nós temos as nossas inseguranças e receios, mesmo gente "da alta" Hahah 

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Ninguém é perfeito.

    Não é a primeira vez, nem há-de ser a última, que digo aqui no blog: sou uma assumida perfeccionista. Não digo isto do género que sou exclusiva, porque sei de imensa gente que se considera também uma fã da perfeição, mas digo antes como relato pessoal de como é viver assim.

    Basicamente todos os trabalhos na escola têm de estar impecáveis (por isso demoram imenso tempo a fazer), sem haver margem para erros; no emprego tenho de me comportar como a melhor, e nas amizades e convivências pessoais sou bastante... exigente. Resumidamente, eu sou muito difícil de lidar com os erros (meus, e dos outros), por muito mais pequenos que são. E acredito que isto acaba por ser um próprio mecanismo de defesa para mim, para não me magoar/desiludir com os outros. Porque como é que alguém é capaz de se desiludir com pessoas que só têm qualidades (ou pelo menos, maioritariamente)?...

    O problema é que a longo prazo acaba por ser desgastante, tanto para a própria pessoa, como para as restantes envolvidas. Para o próprio, porque vive diariamente numa luta interna para que haja a completa harmonia no seu exterior (e interior), para os outros, porque se cansam de pessoas que, bem..., têm dificuldades em aceitar como elas próprias são.

    E eu quero mudar isso em mim. Não falo do meu empenho e dedicação para que tudo corra bem na minha vida, mas sim da pressão constante desta dita 'perfeição'. Ninguém é perfeito, caramba. E se eu, ou alguém que eu amo, errar de vez em quando, não há-de ser o fim do mundo por isso. Afinal, somos todos humanos, e errar é próprio de nós, lá dizia o ditado.

    Falo especialmente em termos de relacionamentos interpessoais. Todos nós temos qualidades sim senhora, mas temos também bastantes defeitos, e temos que aprender a lidar com eles. Há algum tempo li um destaque na sapo que dizia algo deste gênero: "Apaixonarmo-nos pelas qualidades de outra pessoa é fácil, toda a gente consegue fazer isso, o desafio é apaixonar-mo-nos todos os dias pelos defeitos dessa mesma pessoa. ". Isso, meus caros, é amor.

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Conviver com uma perfeccionista

    Não é nada fácil. Culpem a genética, ou a influência astral (virgem), o que é certo é que sou conhecida por ser uma perfeccionista em tudo o que faço, e sou. E depois acabo por ser exigente também com todos. E isso inclui comigo própria, no trabalho, amizades, família, amor...Ao início podem achar uma qualidade, mas quando se torna demasiado, torna-se um bocado difícil estar comigo.   Sinto-me numa constante competição para ver quem é o Elo mais forte, no qual eu, os meus amigos, familiares e namorado estamos constantemente a ser postos à prova, porque temos de ser os melhores dos melhores, no final. É uma mistura de "Portugal got Talent", mas eu sou a croma.

    Para mim nada pode correr mal, e só o facto de pensar na pequena possibilidade de isso vir a acontecer, é o desastre total. Não consigo evitar deixar de pensar que falhei. Quando na verdade toda a gente erra, porque errar é humano, e todos nós somos humanos (falo dos racionais, como é óbvio).

    Vou-vos dar um exemplo, este post que estou a escrever neste momento, não fazem ideia da quantidade de tempo que teve a ser pensado, escrito e revisto, antes de publicar. E a quantidade de posts que voltam para trás. Portanto agora imaginem o dia-a-dia de uma pessoa assim, e das pessoas à volta que, coitadas, têm de aguentar com isto. 

    O que vocês acham sobre isto? Também se consideram perfeccionistas com vocês, e com os outros?

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