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umacartaforadobaralho

"o segredo é teres sempre uma carta na manga"

A respeito da violência no namoro

    Há coisas que eu vejo na televisão que me deixam extremamente revoltada, e esta é uma delas: "Jovem de 22 anos atacou a namorada à facada" - dizia uma notícia no Você na Tv de ontem. Como se a notícia em si já não fosse chocante o suficiente, apesar das inúmeras notícias nos programas de manhã com casos destes - infelizmente -, o que me deixou mais chocada ainda foi o que os comentadores vieram dizer a seguir.

    Segundo a notícia, o rapaz esfaqueou duas vezes a namorada, no abdómen e na anca, podendo este ser acusado de tentativa de homicidio. No entanto, para já, as autoridades estão ainda a tentar apurar o que aconteceu e os motivos da agressão, e por agora o rapaz está em liberdade. Liberdade essa que vai durar até aos juízes decidirem o seu veredicto, que de acordo com um dos comentadores do Você na tv, pode demorar mais que um ano.

    Deixem-me ver se entendi corretamente: Um jovem agrediu uma rapariga à facada, possivelmente com a intenção de matá-la, e as autoridades responsáveis vão deixá-lo em liberdade até os juízes darem a sua sentença? Que pode demorar anos a acontecer...?

    Até lá estamos há espera do quê? Que a rapariga recupere, e saia do hospital para o namorado a matar de vez? Desculpem a frieza, mas eu gostaria de saber desde quando é que a justiça deste país esqueceu-se que estamos a lidar com pessoas! Neste caso, trata-se de um homem perigoso, que está a meter em risco a vida de outra pessoa! Desde quando é que isto virou uma selva, em que se pode fazer o que se quer e sair impune? Que m**** de moral estamos nós a ensinar aos nossos filhos? 

    O que mais me revoltou foi a tranquilidade que o senhor Aníbal Pinto dizia "Toda a gente tem o direito à sua liberdade, até ser considerado culpado, e neste caso, ainda não temos provas se este rapaz é culpado, por isso é um homem livre como toda a gente". A si digo-lhe o seguinte: Deus queira que nunca tenha que passar por isto, mas por 2 minutos apenas, imagine a sua filha, mulher, irmã... a ser agredida fisicamente por um homem, à facada. E agora imagine-a deitada numa cama de hospital, enquanto o marginal agressor passeia, livre, alegremente nas ruas... Quando sentir essa revolta interna ao ver esse sujeito impune de qualquer prejuízo, venha-nos falar em justiça.

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Tabu?!

    Ontem vi esta notícia acerca de uma menina, de 9 anos, que era constantemente abusada pelo avô de 70 e tal. A pobre miúda só avisou a professora passado meses do episódio se repetir, tudo porque tinha vergonha de falar (por isso não contou a nenhum familiar, provavelmente). Os abusos eram feitos quando TODA a família estava presente em casa, o avô simplesmente chamava a miúda para um local mais à parte, ninguém dava conta... O que achei mais interessante foi que o psicólogo que acompanhou este caso afirmou que "se a sexualidade não fosse um assunto tabu, esta menina teria muito provalemente se queixado mais cedo, e logo sofrido menos abusos". E é tão verdade!!

   Entristece-me tanto ver crianças, e adultos, a sofrerem este tipo de abusos, violências físicas, violações... repetidamente, com um grave receio de contar a alguém, com medo de serem julgados, de ficarem mal vistos, da reação dos outros. É horrível! É gravíssimo quando vejo na televisão que desde 1980 e tal estão a "tentar" implementar uma lei que promova a Educação Sexual nas escolas como disciplina fundamental... E o mais grave: ainda não o conseguiram! E quando há programas que vão às escolas que calham falar no assunto da sexualidade, ainda são muitas vezes mal vistos pelos próprios pais e alunos! O pior é quando os próprios pais não desenvolvem este tipo de conversas com os filhos, zangam-se quando há programas que tentam fazê-lo, e depois ainda esperam que os filhos saibam como as coisas funcionam.

    A sexualidade existe, é uma realidade, e ela não vai desaparecer se a ignorarmos! Pelo contrário, quando não há conhecimento sobre o tema, ela só vai trazer ainda mais problemas! (gravidez precoce, doenças sexualmente transmissíveis, etc..) Falem sobre ela, discutam-na, ensinem-na aos mais novos! Pois ninguém nasce ensinado, e se não o querem fazer, então promovam alguém que o faça, é necessário. Como lia num artigo há dias "Se não são os pais a falar sobre o tema aos filhos, são os colegas, que na maior parte das vezes ainda estão pior informados, que lhes vão passando informações errôneas uns pelos outros." 

    Eu ainda não tenho filhos, é verdade, mas tenho uma irmã adolescente, que me faz perguntas como 'o que é isto?', 'o que é aquilo?', 'como funciona?', 'p/ que serve?', e eu tento sempre responder ao máximo de questões possíveis de forma fácil e esclarecedora para ela. 

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